"Tenho que estar preocupado com que Bolsonaro fala ou em ajudar Brasil a conter a crise?", indaga Rodrigo Maia

Presidente da Câmara defendeu um programa de renda mínima para que os trabalhadores jogados na informalidade pelas reformas aprovadas no Congresso "possam pelo menos ter condições de comprar alimento"

Bolsonaro entrega proposta para reforma da previdência a Rodrigo Maia, observados por Davi Alcolumbre (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados)
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Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) resolveu assumir o protagonismo diante da crise do coronavírus e criticou duramente as declarações de Jair Bolsonaro, que disse que o Congresso estaria usando a pandemia para "luta de poder".

"Você acha que eu tenho que estar preocupado com o que o Bolsonaro está falando ou em ajudar o Brasil a conter essa crise? O que eu digo a ele é que ele pode contar com o Parlamento, como sempre contou. Pode atacar, bater, criar as narrativas que, do meu ponto de vista, não são verdadeiras, mas nos próximos três ou quatro meses, terá não um, mas 513 aliados", disse Maia, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.

O deputado disse ainda que não está na agenda da Câmara no momento o impeachment de Bolsonaro que, segundo ele, "fica arrumando inimigo para arranjar um conflito".

"É besteira. Nós estamos com uma projeção grave no mundo real. O mundo real é o que contrata, que gera emprego, que investe", afirmou.

Rodrigo Maia ainda defendeu ainda um "programa para garantir uma renda mínima para que 18 milhões de pessoas possam pelo menos ter condições de comprar alimento", principalmente para os trabalhadores que foram jogados na informalidade por causa das reformas trabalhistas e previdenciárias aprovadas pelo Congresso.

"Vamos ter de olhar para os 18 milhões que estão na faixa mais vulnerável do mercado de trabalho brasileiro, que são os informais, que estão sem carteira, trabalho doméstico, que não contribuem para o INSS. Olhar o taxista, o Uber, de forma que possamos construir algum programa para eles, nos próximos três, seis meses, para dar alguma renda".