VTCLog firmou contratos sem licitação quando Barros era ministro da Saúde

Em depoimento à CPI do Genocídio, Raimundo Nonato Brasil, sócio da empresa, admitiu que foram fechados oito contratos com a pasta, entre 2016 e 2018, no valor de R$ 330 milhões

Raimundo Nonato Brasil, em depoimento à CPI - Foto: Pedro França/Agência Senado
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Raimundo Nonato Brasil, um dos sócios da VTClog, distribuidora de vacinas, admitiu, em depoimento à CPI do Genocídio, nesta terça (5), que a empresa de logística fechou oito contratos com o Ministério da Saúde. O detalhe: todos sem licitação.

A assinatura dos contratos ocorreu entre 2016 e 2018, período no qual Ricardo Barros (PP-PR) era ministro da Saúde no governo de Michel Temer (MDB-SP). Atualmente, o deputado federal, um dos investigados pela comissão, é o líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara.

A não realização de licitação nos contratos, que superam R$ 330 milhões, surpreendeu os parlamentares que questionavam Nonato. O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, chamou de “injustificável” o fechamento dos acordos sem o processo licitatório.

“Todas as conversas com Roberto Ferreira Dias (ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde) foram dentro do Ministério da Saúde. Nunca procuramos qualquer ente público. Nunca oferecemos nenhuma vantagem para o senhor Roberto Ferreira Dias”, declarou o sócio da VTCLog.

“Contratar sem licitação, neste momento de pandemia, é até justificável. Não me recordo de a gente ter algum tipo de problema em 2017 e 2018 para que quase R$ 400 milhões fossem dispensados de licitação”, destacou.

O senador também apresentou requerimento para que o Tribunal de Contas da União (TCU) divulgue a justificativa mencionada pelo Ministério da Saúde e aceita pelo TCU para dispensar a licitação neste caso.

Nonato foi questionado, ainda, a respeito da relação da VTCLog com políticos investigados pela CPI. Ele desmentiu que tenha havido favorecimento a Roberto Ferreira Dias, ligado a lideranças do Centrão, em contrato entre a empresa e o Ministério da Saúde.

Dias, que chegou a ser preso durante seu depoimento à CPI, está envolvido em suspeitas de favorecimento de empresas de aliados de políticos para lucrar com contratos na pasta.

Além disso, ele aparece como autor do pedido de propina de US$ 1 por dose da vacina, que seria comprada pelo ministério junto à Davati Medical Supply.

Gráfico

Durante o depoimento e Nonato, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, apresentou um gráfico que indica o valor dos contratos da VTCLog antes e depois de Ricardo Barros assumir o ministério.

Antes do atual líder do governo na Câmara comandar a pasta, a empresa detinha R$ 205,8 milhões em contratos. Depois que Barros assumiu, o valor saltou para R$ 461,7 milhões. “E adivinha qual era o argumento de Ricardo Barros: diminuir custos. Rapaz, diminuiu para danar, viu?”, ironizou Randolfe.

Com informações do Metrópoles