Marighella: ocupação do MTST em SP tem sessão do filme com Wagner Moura e Boulos

"Com Bolsonaro no governo, seu autoritarismo e intolerância, a gente relembrar a história de Carlos Marighella e fundamental para o nosso país", disse Boulos

Wagner Mura e Guilherme Boulos durante exibição de "Marighella" em ocupação do MTST (Fotos: Comunicação MTST)
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O filme “Marighella”, sucesso de bilheterias que estreou há duas semanas no Brasil, foi exibido na noite desta quinta-feira (11) em uma sessão especial na ocupação Carolina Maria de Jesus, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), na Zona Leste de São Paulo (SP).

Wagner Moura, diretor da obra, bem como atores que integram o elenco, como Humberto Carrão, Bella Camero, além de lideranças do movimento negro e o coordenador da Frente Povo Sem Medo, Guilherme Boulos, estiveram presentes durante a sessão, que contou com comes, bebes e pipoca para os moradores da ocupação.

O filme conta a história do guerrilheiro brasileiro Carlos Marighella, representado pelo ator Seu Jorge. Marighella lutou contra a ditadura militar brasileira na década de 70 e morreu assassinado pelo aparelho repressor do Estado.

Oficialmente lançado em 2019 durante o Festival de Berlim, na capital da Alemanha, o filme foi aclamado pelo público, mas desde então encontrava dificuldades para estrear no Brasil.

A maior parte das justificativas para a demora da estreia do longa em seu país de origem são de ordem burocrática, mas o próprio diretor do filme, Wagner Moura, bem como o autor do livro que deu baseou a obra, Mário Magalhães, já falaram em censura.

"Marighella é um símbolo da luta social brasileira, por democracia, contra a ditadura. Num momento como esse, com Bolsonaro no governo, com seu autoritarismo, sua intolerância, a gente relembrar a memória de Carlos Marighella é fundamental para o nosso país", disse Boulos.

"Por isso que esse filme do Wagner Moura, exibido em uma ocupação do MTST, é muito simbólico neste momento. Recuperar essa memória daqueles que lutaram no passado para fortalecer aqueles que lutam no presente", prosseguiu.

Humberto Carrão, que interpreta no filme um militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), afirmou durante a sessão que a equipe da produção fez questão de prometer, ainda em 2017, que faria uma exibição em ocupação do MTST.

"De certa forma é um encerramento dos compromissos de lançamento do filme (...) Pra gente é uma despedida linda porque estamos onde a gente sempre quis, que achamos onde o filme deveria passar, e encontrar um público que assim como o protagonista desse filme ama esse país, luta por esse país e trabalha por esse país", declarou.

Ocupação Carolina Maria de Jesus

A ocupação Carolina Maria de Jesus, do MTST, é localizada na zona leste de São Paulo e foi nomeada em homenagem a escritora preta, mãe solo e periférica.

O espaço tem cerca de 60 mil m², onde vivem mais de 2 mil famílias. "É muito simbólico que um espaço de luta tão importante como uma ocupação, receba uma sessão especial de um filme cuja produção precisou lutar desde 2019 contra tentativas de censura para poder exibi-lo para todo o Brasil", diz o movimento social.

Filme mais visto do ano

De acordo com o Filme B, considerado o maior portal especializado no mercado de cinema do Brasil, “Marighella” já é o filme brasileiro mais assistido de 2021. O longa teve 36,7 mil espectadores em seus quatro primeiros dias de exibição.

O filme tem sido alvo constante nas redes sociais de usuários bolsonaristas, inclusive do secretário especial de Cultura, Mario Frias.

“Marighela” ultrapassou a comédia Depois a Louca Sou Eu, que teve 29 mil espectadores. Logo nas sessões de pré-estreia, que aconteceram entre os dias 1º, 2 e 3 de novembro, foram 26,3 mil espectadores. Na estreia oficial, na quinta-feira, foram 10,4 mil. No ranking geral do dia 4, incluindo filmes estrangeiros, o filme ficou em 2º, com o 1º lugar pertencendo a “Eternos”, novo filme da Marvel, que levou 180 mil pessoas aos cinemas.