ADEUS AO JÔ

VÍDEO - "Tem cheiro de golpe", disse Jô Soares às "meninas" sobre impeachment de Dilma

Ao defender postura contra o golpe, Jô foi chamado de "ingênuo" por Ana Maria Tahan e fez alerta: "pode chegar a uma consequência que seria muito mais prejudicial ao Brasil do que a Lei da Responsabilidade Fiscal".

Cristina Serra, Cristiana Lôbo, Lúcia Hippólito e Ana Maria Tahan com Jô Soares.Créditos: Marcos Mazin/ Divulgação TV Globo
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Diferentemente do discurso dominante na Globo e entre as suas "meninas", grupo de jornalistas que reunia nomes como Cristiana Lôbo, Lillian Witte Fibe, Ana Maria Tahan e Lucia Hippolito no Programa do Jô durante a Lava Jato, Jô Soares, que morreu nesta sexta-feira (5) aos 84 anos, dizia que o processo que levou ao impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016 "tinha cheiro de golpe".

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Em conversa com as jornalistas, ele falou da repercussão altamente negativa do golpe em andamento e alertou para as consequências do que estava sendo feito no país.

"Há uma certa diferença nos dois impeachments. Eu acho que um impeachment teve uma repercussão altamente positiva, que foi o do Collor, e o outro...", disse Jô, interrompido por Lillian Witte Fibe, que completou: "O outro é inexistente, vamos combinar", em relação ao processo contra Dilma.

Em seguida, Jô fala das "pressões que a oposição às vezes faz", em relação ao jogo capitaneado por Eduardo Cunha, então presidente da Câmara, que colocou em marcha o impeachment por vingança a Dilma e ao PT.

"É por isso que eu digo com todo respeito à minha amiga Lúcia: tem cheiro de golpe. Você querer usar isso para depor [a presidenta]...", disse Jô, interrompido novamente, dessa vez por Ana Maria Tahan, que soltou: "Você é ingênuo".

"Quem é ingênuo?", indagou Jô, explicando exatamente o que aconteceria com o golpe.

"Se acontecer [o impeachment], não vai ser possível dar um jeitinho. E é por isso que o Brasil não acaba. Com tudo isso, vai se ajeitando, quebrando um galho aqui e outro. Agora, o que estou falando, não é que não é necessário, mas pode chegar a uma consequência que seria muito mais prejudicial ao Brasil do que a Lei da Responsabilidade Fiscal", afirmou, diante das acusações sobre "pedalada fiscal" imputadas à Presidenta.

Entrevista

Jô também foi um dos poucos jornalistas - e o único na Globo - a entrevistarem Dilma Rousseff durante o processo que levou ao golpe parlamentar.

A entrevista aconteceu na madrugada de sábado, dia 13 de junho de 2015, e Jô foi massacrado por apoiadores do golpe na internet. Entre os detratores, estava o guru bolsonarista, Olavo de Carvalho, e o apresentador do SBT, Danilo Gentili.