Diz a cartilha do jornalismo que além de muito trabalho e competência, o bom jornalista também carece de sorte de estar no lugar e na hora certa. Pois Gloria Maria, que morreu nesta quinta-feira (2) aos 73 anos após luta contra um câncer no cérebro, reunia todos esses atributos.
Um exemplo disso se deu em 1977, quando a repórter da Globo conseguiu um "personagem" surreal para a reportagem que fazia sobre a ressaca no mar do Rio de Janeiro - uma pauta morna, que geralmente não tem muito destaque nos telejornais.
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Na cobertura do fenômeno que causou prejuízos a moradores e à administração municipal, Gloria Maria teve um encontro inusitado com o cantor e compositor Raul Seixas, que teve o cara revirado pela ressaca do mar.
Na entrevista, Gloria perguntou a Raul Seixas o que ele achava sobre a ressaca no mar e deu brecha para o "maluco beleza" dar mais uma de suas respostas viajantes.
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"É um coisa profética, já está na profecia. Inclusive acho que todo mundo sabe que o Rio de Janeiro está abaixo do nível do mar. Isso é um primeiro vômito, um anúncio: 'ah lá, cumpadi, dá terror? Então vamos lá. As portas dos edifícios estão fechadas e quem dançou fui eu, porque meu carro foi jogado pra cima e arrebentou todo para segurar a barra de onda", disse Raul.
"A onda tá certa, a onda tá certa. O que está errado é esse negócio de aterro. Tomara que arrebente isso tudo", emendou o cantor e compositor baiano, que morreu no dia 21 de agosto de 1989 em São Paulo vítima de uma parada cardíaca.
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