Já há 72,46 milhões de inadimplentes no Brasil, de acordo com dados do Serasa para agosto de 2024. Com uma diferença percentual de apenas 1,1% em relação ao patamar de mais endividados (que ficou com a população entre 41 e 60 anos), adultos de 26 a 40 anos já somam 34% deste total, e jovens de 18 a 25 anos, 11,8%.
De acordo com Daniel Bergmann, professor do Departamento de Finanças da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, os motivos "vão desde a má formação financeira até o aumento do custo de vida".
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Em matéria do Jornal USP, Bergmann explica que jovens têm dificuldade em encontrar um equilíbrio entre o lazer e o planejamento financeiro — a geração Z, nascida entre 1995 e 2012, tem hábitos de vida e condições socioeconômicas muito diferentes das anteriores.
A deterioração dos modos de vida, dos salários e do mercado imobiliário começou ainda entre os millenials, a geração imediatamente anterior, e hoje já atinge a perspectiva dos mais jovens.
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De acordo com a ESG Insights, a geração Z valoriza coisas diferentes em relação aos seus pais e avós: menos ambição e mais qualidade de vida; mais saúde mental e menos "CLT".
Os modos de trabalho têm se adaptado às necessidades crescentes de uma geração mais digital, que ganha dinheiro com a internet e não acha interessante dar muitas horas de trabalho semanal a um trabalho "sem significado", em empresas tradicionais e sem estímulos culturais.
Mas o endividamento também tem sido parte preocupante dessa mentalidade: o uso de ferramentas digitais e a influência das propagandas nos hábitos de consumo se somam à baixa noção sobre investimentos e poupança, de acordo com o professor da USP.
Bergamnn defende a "regra dos 50" para balizar os gastos: 50% da renda deveria ser usada para necessidades essenciais, 30% para o lazer e 20% deveria ser aplicada em poupança e investimentos.
A criação de uma reserva é, no entanto, um desafio: uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial que analisou os gastos da geração Z ao longo dos anos descobriu que a maioria dos jovens até 25 anos gasta 69% de toda a renda com habitação, comida e transporte, dos quais a moradia é o maior gasto.
Por outro lado, uma porção menor da renda costuma ser gasta com entretenimento se comparada às gerações anteriores: isso se deve tanto à disponibilidade de atividades "gratuitas" no meio virtual, através da internet, como à inflação dos gastos básicos avistada nas últimas décadas.
De forma geral, os jovens desta geração costumam gastar menos que todos os outros grupos de idades, e menos do que as gerações anteriores.
A educação financeira pode auxiliar no futuro da renda dos mais jovens, como apontam Bergmann e recomenda a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico); mas, se a economia não for um lugar mais brando para eles, vai ficar cada vez mais difícil organizar o orçamento.