Recém-estreou na Amazon Prime Video a série brasileira Sutura, que acompanha a vida do jovem médico Ícaro (Humberto Morais), prestes a iniciar sua residência em um hospital da elite e trabalhar com a Dra. Adriana Mancini (Cláudia Abreu), tida como a mais brilhante cirurgiã do Brasil. Após viver um trauma, ela precisa lidar com tremores em uma das mãos, o que a afasta da sala de cirurgia.
Mas, além da admiração que Ícaro nutre pela Dra. Mancini, suas vidas se conectam por outro motivo: por uma série de acontecimentos que fogem ao controle, a dupla passa a gerenciar um "hospital do mundo do crime" no subsolo do hospital que atende a elite paulistana.
“Sutura” (2024), dirigida por Diego Martins e Jéssica Queiroz, utiliza uma estrutura narrativa clássica – o hospital – para explorar outras questões, especialmente uma espécie de multiverso: a mesa de cirurgia dos abastados e do mundo do crime, uma acima, a outra abaixo. A trama é narrada de maneira eletrizante, sem perder o ritmo ao longo de seus oito capítulos.
Outro ponto alto de Sutura é seu elenco estelar e muito bem preparado, a começar pela dupla protagonista. Cláudia Abreu e Humberto Morais convencem como parceiros, transmitindo emoção, contradições e dilemas sociais. Além disso, todo o elenco da nova série da Amazon Prime Video entrega atuações consistentes – algo raro de encontrar nas produções.
Vale destacar o protagonismo de Cláudia Abreu, que brilha e dá o tom de toda a trama com sua personagem vivendo um momento profundamente amargo – a impossibilidade de fazer aquilo que mais ama, operar – somado a outros dramas que não revelaremos para evitar spoilers. O que podemos afirmar é que Abreu entrega uma atuação intensa e sublime.
É interessante o mergulho da trama em outra esfera do crime organizado: o socorro médico a seus membros. Dessa forma, “Sutura” – e isso não é demérito – nos apresenta um "plantão médico do mundo do crime" e entrega exatamente aquilo que promete.
A partir de uma trama aparentemente banal, a série faz interessantes reflexões sobre a cisão de classes na cidade de São Paulo. Mais do que os discursos dos personagens, a produção utiliza excelentes imagens panorâmicas para nos lembrar, constantemente, onde estamos geograficamente.