CIDADES

Incríveis cidades fantasma inabitadas guardam resquícios de civilizações novas e antigas

Cidades inteiramente inabitadas há séculos ou décadas continuam a ser estudadas por pesquisadores, arqueólogos e antropólogos

Kayaköy, Turquia.Créditos: free source
Escrito en CULTURA el

A existência de cidades inabitadas, também chamadas de "cidades fantasmas", é uma porta para entender a história de civilizações antigas e atuais que, por fenômenos sociais e ambientais diversos, tiveram de abandonar suas regiões natais — de maneira forçada ou pela migração gradual de suas formas de vida.  

Exemplos mais comuns do abandono de regiões inteiras podem ser avistados com o avanço das mudanças climáticas, como é o caso de Tuvalu, um Estado polinésio que pode ser "engolido" e deixar de existir em breve devido ao aumento acelerado no nível do mar. 

Seus 11 mil habitantes, no entanto, vão continuar a existir como povo, e o Estado resolveu criar um mapa tridimensional das 124 ilhas que compõem seu território, como parte de um projeto chamado Future Now

Além disso, deve haver um passaporte digital para seus habitantes, que vai permitir a continuação da participação em processos políticos, como processos eleitorais, de maneira virtual. 

Mas já há cidades inteiramente inabitadas, tornadas cidades fantasma há séculos ou décadas, cujos resquícios continuam a ser estudados por pesquisadores, arqueólogos e antropólogos.

Kayaköy, Turquia

Um exemplo é Kayaköy, na Turquia, que era habitada, até o século XVIII, por turcos e gregos. A 88 km de Fethiye, no sudoeste do país, a cidade era composta pela vila de Livissi, fundada pelos gregos como um vilarejo multicultural que perdurou até o começo do século XX. 

Marcada pela cultura ortodoxa dos gregos, que eram a maioria da população, a cidade tem casas de pedra erguidas na encosta de uma colina, num estilo arquitetônico típico da região. As casas são próximas umas das outras, arejadas e bem iluminadas; entre as construções, há igrejas ortodoxas que ainda preservam afrescos antigos.

Mas o que houve com a cidade?

Em 1923, a cidade foi abandonada devido ao conflito conhecido como Guerra Greco-Turca, que teve início em 1919. A guerra foi uma campanha pela independência turca, e envolveu uma série de conflitos militares que durou até 1922, durante a partilha do Império Otomano — que foi desintegrado em nações independentes do mundo árabe e a República da Turquia. 

Hoje, só restam ali 500 casas, além de duas igrejas ortodoxas.

Centralia, Estados Unidos

Uma cidade do estado norte-americano da Pensilvânia, Centralia, fundada em 1875, contava com apenas cinco mil habitantes até a década de 1960.

O motivo de hoje ser considerada uma cidade fantasma, abandonada em massa por seus antigos habitantes, foi uma tragédia parte antrópica, parte geológica: uma empresa local ateou fogo a um aterro sanitário sem saber que existia no subsolo uma antiga mina de carvão.

O resultado? O fogo se alastrou pela região em cadeia, forçando seus habitantes a fugir, e o território, transformado em cinzas, se tornou árido e é até hoje afetado pela fumaça. 

Pyramiden, Noruega

A cidade de Pyramiden, localizada no arquipélago norueguês de Svalbard, foi construída por suecos em 1910 e "vendida" aos soviéticos como um assentamento de mineiros. Seu nome é uma referência ao formato de uma montanha da região, que se assemelha a uma pirâmide.

Era uma comunidade de apenas mil pessoas, mas considerada próspera. A partir de 1998, no entanto, com a queda da URSS e o fim das atividades de mineração, a cidade foi completamente abandonada.

Os projetos de moradia de Pyramiden envolviam uma escola, um hospital, uma biblioteca e até uma piscina. A comida era cultivada em uma pequena fazenda, trabalhada pelos próprios moradores. 

Lá está localizado, além disso, um dos famosos bustos de Lênin — a estátua mais ao norte do líder que existe no mundo, que olha para os edifícios diretamente a partir do canto central de uma praça.

Neft Dashlari, Azerbaijão

Além dela, uma bizarra ilha soviética de metal construída em 1949 como parte do plano quinquenal soviético, Neft Dashlari, cujo nome significa "rochas de petróleo" em azeri, permanece como uma cidade fantasma erguida sobre barcos afundados. 

Apelidada "ilha dos sete navios", a cidade é formada por enormes plataformas de metal conectadas por passarelas elevadas que formam uma rede de caminhos suspensos.

Durante décadas de atividades em alto mar para a extração de petróleo, a cidade se transformou, de fato, em lugar habitado: surgiram blocos de edifícios que abrigavam seus trabalhadores, padarias, lojas, centros médicos e áreas de lazer, como um campo de futebol, um teatro e até parques "plantados nas estruturas de aço". 

Mas tudo isso ruiu quando outros campos de extração de petróleo se tornaram mais relevantes, levando a uma migração da produção e à instalação de outras companhias de exploração na região. 

Com a flutuação nos preços do petróleo e a diminuição significativa da sua produção, a ilha de aço foi sendo gradualmente desocupada, e sua população decaiu. 

Hoje, Neft Dashlari é uma cidade fantasma de ferro e aço no meio do Cáspio, cada vez mais decrépita, e enfrenta desafios próprios em relação às mudanças climáticas e à poluição causada por seus antigos poços de petróleo.

Leia também: A bizarra ilha de ferro soviética que se tornou cidade fantasma nos arredores da COP29 | Revista Fórum

 

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