CIÊNCIA

Gigante de 70 milhões de anos, pterossauros é descoberto com ajuda de brasileiro no Oriente Médio

A pesquisa é fruto de colaboração entre cientistas sírios e brasileiros, liderados pela paleontóloga Wafa Adel Alhalabi, da USP

Imagem ilustrativa.Créditos: Freepik
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Um osso encontrado há mais de 20 anos no deserto sírio acaba de ser reconhecido como parte de um dos maiores pterossauros já registrados. A descoberta, feita por cientistas da Síria e do Brasil, confirma o primeiro registro desse tipo de réptil voador no país e revela um exemplar de proporções impressionantes.

O fóssil — um úmero medindo dezenas de centímetros — foi localizado entre 2003 e 2004 em uma mina de fosfato próxima à cidade de Palmira, mas só agora teve sua análise concluída. Estudos comparativos indicam que o animal pertence à família dos azhdarquídeos e poderia atingir até dez metros de envergadura, tamanho próximo ao do lendário Quetzalcoatlus northropi, o maior pterossauro conhecido.

O estudo, publicado na revista The Science of Nature, destaca o papel da cooperação científica internacional e sugere que o Oriente Médio pode esconder outros fósseis gigantes ainda não revelados pela ciência.

Um gigante sírio redescoberto

Com idade estimada entre 72 e 66 milhões de anos, o espécime viveu no fim do período Cretáceo, quando os dinossauros ainda dominavam a Terra. A análise das rochas onde foi encontrado mostra que o animal habitava ambientes costeiros, algo incomum para esse grupo de grandes voadores.

A pesquisa foi conduzida por uma equipe internacional liderada pela paleontóloga Wafa Adel Alhalabi, da USP. Sírio-brasileira, ela viajou por conta própria até a cidade de Latakia para examinar e preparar o fóssil com ferramentas simples. “Foi um desafio, mas uma oportunidade de reconstruir parte da história do meu país”, contou ao Jornal da USP.

O trabalho integra a série de estudos “Recovering Lost Time in Syria”, que vem revelando fósseis inéditos da região. Desde 2024, o grupo já publicou três artigos sobre vertebrados encontrados em território sírio, ampliando o conhecimento paleontológico de uma área ainda pouco explorada por causa de décadas de conflito.

Segundo os pesquisadores, o osso foi descoberto pelo geólogo Atieh Sokarieh e reexaminado em parceria com cientistas libaneses, brasileiros e europeus. O material pode pertencer a uma espécie ainda desconhecida, reforçando o potencial paleontológico da Síria.

 

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