Em meio à Serra da Mantiqueira, no sul do estado de Minas Gerais, uma cidade histórica abriga um tesouro geológico: o Parque das Águas Lysandro Carneiro Guimarães, que concentra 12 fontes de águas minerais naturalmente gaseificadas e um gêiser natural.
Chamadas de carbogasas, as fontes subterrâneas de Caxambu, onde fica localizado o parque de mais de 200 mil metros quadrados, são compostas naturalmente por gás carbônico, que as torna efervescentes.
O fenômeno ocorre por conta da geologia do lugar, que permite a percolação da água por lentes rochosas e camadas de turfa, quando incorpora o CO2.
Estima-se que haja uma camada subterrânea de 14 a 16 metros de turfa na região, solo composto de matéria orgânica parcialmente decomposta e estágio inicial da formação do carvão mineral, que funciona como reservatório de carbono. O pH muito baixo dessas camadas subterrâneas as extremamente ácidas e é o que garante a pureza da água, que circula livre de contaminação, e também facilita a incorporação do gás carbônico.
Caxambu, marcada pelo relevo típico da Mantiqueira, com clima ameno e altitude elevada, é conhecida como o maior complexo hidrotermal do planeta — além de ser quimicamente diverso e capaz de aliviar sintomas de doenças por sua composição altamente mineral.
As 12 fontes do parque são distintas: algumas são carbogasosas, outras bicarbonatadas ou ferruginosas, ricas em magnésio, sulfurosas ou litinadas. Essa composição química variada é o que confere suas chamadas “propriedades terapêuticas”.
No Balneário Hidroterápico, construído na região em 1912, são oferecidos banhos de imersão em águas minerais, além de um complexo de saunas e piscina térmica que proporcionam tratamentos estéticos e fisioterapêuticos.
O parque foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA) e é considerado, hoje, patrimônio natural e arquitetônico de Caxambu, associada a tratamentos de saúde desde o século XIX. Diz-se que suas águas têm propriedades digestivas, hepáticas, tonificantes e até laxativas, de acordo com a composição química de cada fonte.
Confira as 12 fontes que formam o parque:
Dom Pedro
Água mineral carbogasosa, bicarbonatada, fluoretada e radioativa. Indicada para problemas digestivos, dispepsia e digestões lentas; purifica o sistema hepato-renal. Não recomendada para gastrite.
Dona Leopoldina
Água mineral carbogasosa, bicarbonatada, sódica e fluoretada. Normaliza as funções gastrointestinais e hepatobiliares.
D. Isabel / Conde D’Eu
Água mineral carbogasosa, bicarbonatada, cálcica, magnesiana, fluoretada e ferruginosa. Indicada como tônico geral, com ação anti-anêmica.
Duque de Saxe
Água mineral carbogasosa, bicarbonatada, cálcica, magnesiana, fluoretada e sulfurosa. Indicada para o fígado e vesícula biliar; laxativa. Antisséptica e desintoxicante do aparelho digestivo. O gás sulfídrico é indicado para o aparelho respiratório.
Beleza
Água mineral carbogasosa, bicarbonatada, cálcica, magnesiana, fluoretada e ferruginosa. Rica em sais minerais, é um grande tônico para o organismo. Possui efeito calmante, hidratante e nutritivo para a pele. Indicada para problemas alérgicos.
Viotti
Água mineral carbogasosa, ferruginosa, fluoretada e radioativa. Possui efeito diurético e depurativo; é utilizada para dissolver cálculos renais.
Venâncio
Água mineral carbogasosa, bicarbonatada, cálcica, magnesiana, fluoretada e radioativa. Indicada para hipertensão arterial. No passado, foi utilizada em banhos carbogasosos.
Mayrink nº 1
Água mineral carbogasosa e radioativa. Utilizada para gargarejos. É antisséptica e anti-inflamatória.
Mayrink nº 2
Água mineral carbogasosa, fluoretada e radioativa. Indicada para irritação nos olhos.
Mayrink nº 3
Água mineral carbogasosa, fluoretada e radioativa. Utilizada no engarrafamento, em diferentes banhos do balneário e nas piscinas.
Ernestina Guedes
Água mineral carbogasosa, bicarbonatada, cálcica, magnesiana, fluoretada, ferruginosa e radioativa. Indicada para doenças dermatológicas.
Gêiser Floriano de Lemos
Água mineral com erupções periódicas e jatos de até 5 metros, devido à pressão de gases (gás carbônico) presentes na nascente. Não é um verdadeiro gêiser geotermal, cujas temperaturas são elevadas; esta variante é denominada gêiser de água fria (27 °C).
O horário de funcionamento é quinta-feira, das 9h às 17h, e de sexta a segunda, das 9h às 18h.
Outra atração imperdível é o Teleférico, de onde se tem uma vista panorâmica do parque. O trajeto é feito em cadeirinhas individuais suspensas por cabos tracionados, em um passeio agradável que permite apreciar a riqueza paisagística do parque e seus arredores.