Um município no sudoeste do estado de São Paulo, com cerca de três mil habitantes, tem uma história de fundação inusitada: surgiu a partir de um programa governamental instaurado após a Segunda Guerra Mundial, que incentivou a vinda de italianos rumo a países da América e da Austrália. A iniciativa foi promovida pelo governo brasileiro com o objetivo de “colonizar o interior”.
O decreto que estabeleceu o programa data de 18 de setembro de 1945 (Decreto-Lei nº 7.967), e reconhecia a imigração como “de utilidade pública” para o país. As políticas de incentivo ficaram conhecidas sob a Companhia Brasileira de Colonização e Imigração Italiana, e, em 1950, foram liberados recursos para incentivar o reconhecimento territorial das áreas rurais de países latino-americanos, inclusive o Brasil, nas regiões de Joinville (SC), Santa Tereza (GO) e Pedrinhas Paulista (SP).
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Em Pedrinhas Paulista — nome que homenageia o riacho que passa pela cidade, repleto de pedras —, a colônia foi fundada em 1952, com a inauguração da Igreja Matriz, um dos marcos históricos do município.
Créditos: Wikipedia
Antes da chegada dos italianos, no entanto, habitavam a região, às margens do rio Paranapanema, na divisa entre São Paulo e Paraná, os povos indígenas Kaingang e Guarani.
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Os Kaingang se dispersavam pelo interior do estado de São Paulo, além do norte do Paraná e do sul de Minas Gerais. À medida que a colonização avançou no interior, foram sendo gradualmente empurrados para regiões de fronteira de difícil acesso. ]
Já os Guarani, especialmente os grupos Mbya e Ñandeva, que também habitavam a região do Paranapanema e o norte paranaense, tinham presença mais esparsa, mas deixaram marcas culturais e linguísticas na cidade.
Hoje, Pedrinhas Paulista cultiva tradições ligadas à cultura italiana em festas, culinária e expressões locais. Apelidada de “Roma brasileira”, a colônia que deu origem ao município foi mais densamente habitada a partir de 1952, com a chegada de 28 famílias de agricultores.
Nas escolas municipais, ensina-se a língua italiana, e a arquitetura rural, bem como os monumentos, são dedicados aos imigrantes pioneiros. O monumento que dá o apelido à cidade é a réplica do Coliseu de Roma, arena construída como espaço para eventos e comemorações e que se tornou o principal cartão-postal do município.
Créditos: divulgação
Além dele, o Memorial ao Imigrante Italiano reúne monumentos que contam a história dos colonos, com marcas em bronze e cimento das pegadas dos primeiros italianos da cidade. A tradicional Festa de São Donato, realizada no dia 7 de agosto — feriado municipal —, é um espetáculo gastronômico com porções de macarrão feitas por nonnas que preservam o estilo de culinária nativo, além de receitas que misturam o sabor brasileiro ao italiano, como polenta com frango, pão italiano e crostoli.
A aproximadamente 480 km da capital paulista, a cidade mantém uma economia essencialmente agrícola, marcada pela pecuária, soja e milho, mas também alimenta um turismo religioso e gastronômico voltado à preservação da cultura italiana.