Em 2009, a revista Rolling Stone elegeu "Construção", de Chico Buarque, como a melhor música brasileira de todos os tempos. A escolha não foi por acaso: a canção, lançada em 1971, é uma obra-prima da MPB que une poesia, crítica social e inovação musical de forma única.
A eleição que reuniu diversos jornalistas e críticos musicais definiu que a icônica composição do álbum homônimo é a melhor canção da história da MPB.
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Com uma estrutura lírica brilhante, Chico constrói versos que se desmontam e se reorganizam, refletindo o tema central da música: a fragilidade da vida do trabalhador.
Cada verso e dodecassílabo (possui 12 sílabas) e invariavelmente termina com uma palavra proparoxítona ("última", "música", "sórdido"), em um jogo de palavras que torna a música única em sua... construção.
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A repetição de frases com pequenas variações cria um efeito hipnótico, reforçando a ideia de um ciclo de exploração e desumanização.
Musicalmente, a canção é uma joia de arranjo e harmonia. A orquestração de Rogério Duprat — um dos maiores maestros da história da música brasileira e regente de clássicos da MPB —, com cordas dramáticas e ritmo sincopado, amplia o impacto emocional do texto.
Além da técnica, "Construção" é um retrato potente do Brasil da ditadura militar, onde o trabalhador era tratado como descartável. Chico critica a alienação e a violência estrutural sem perder a delicadeza poética, tornando a música universal e atemporal.
Por sua genialidade, profundidade e beleza, "Construção" merece o título de melhor música brasileira. Mais de 50 anos depois, "Construção" não é apenas uma canção, mas um monumento artístico que continua a emocionar e provocar reflexões décadas depois de sua criação.
E além disso, no álbum, ela acaba com a música incidental "Deus Lhe Pague", que na opinião deste jornalista — que não participou da votação da revista Rolling Stone — não deve nada à Construção.
