Nem todo clássico é uma obra-prima — e nem toda ousadia é arte. Se a capa de um disco é o cartão de visita de um artista, o Brasil já entregou algumas bem difíceis de enquadrar como boas-vindas.
Em meio a obras visuais revolucionárias e marcantes, algumas capas de álbuns nacionais parecem mais fruto de delírios gráficos do que de escolhas criativas inspiradas. Tem ideia que parece piada interna mal resolvida, tem trocadilho que jamais deveria ter saído da reunião de brainstorming — e tem até uma santa figura disparando lasers do alto do Corcovado.
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1. "As cidades" – Chico Buarque (1998)
Musicalmente impecável, mas sua capa parece andar na contramão. Na tentativa de representar diversidade, Chico Buarque surge perfilado em diferentes tons de pele e traços étnicos, num mosaico que mais constrange do que emociona. A intenção pode até ter sido nobre, mas o resultado ficou entre o forçado e o desajeitado. Felizmente, a música salva.
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2. "A Peleja do Diabo com o Dono do Céu" – Zé Ramalho (1979)
Neste segundo álbum, Zé Ramalho aparece ao lado de Zé do Caixão, personagem icônico do cinema nacional, em uma composição que remete mais a um pôster de filme de terror do que a um disco de música popular. A tentativa de ousadia resultou em uma imagem que muitos consideram excessivamente teatral e fora de contexto.
3. "Todos os Olhos" – Tom Zé (1973)
A capa deste álbum gerou polêmica ao apresentar uma imagem ambígua que, à primeira vista, parece um olho, mas que muitos interpretaram como uma referência anatômica mais íntima. A intenção era desafiar a censura da época, mas a execução provocou mais confusão do que reflexão.
4. "Amar pra Viver ou Morrer de Amor" – Erasmo Carlos (1982)
Erasmo Carlos optou por uma representação literal da expressão "de peito aberto", mostrando-se com o tórax aberto e uma pomba branca emergindo de seu interior. A imagem, embora simbólica, foi considerada por muitos como excessivamente dramática e de gosto duvidoso.
5. "With Lasers" – Bonde do Rolê (2007)
A capa deste álbum apresenta o Cristo Redentor disparando lasers pelos olhos sobre o Rio de Janeiro. A montagem, com efeitos visuais considerados amadores, foi amplamente criticada por sua estética exagerada e falta de sofisticação.