LITERATURA

O Rio de Machado de Assis: Conheça os lugares que o autor narrava em suas obras

Machado de Assis eternizou o Rio de Janeiro em sua obra, transformando ruas reais em cenários literários que ainda ecoam no imaginário brasileiro

Machado de Assis aos 57 anos, 1896..Créditos: Fundação Biblioteca Nacional
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Machado de Assis, um dos maiores nomes da literatura brasileira, deixou mais do que romances memoráveis: construiu também na sua obra um retrato vivo de um Rio de Janeiro que atravessava transformações profundas.

No final do século XIX, quando o Brasil deixava de ser um Império para se tornar uma República, o autor registrava, com precisão, os espaços urbanos por onde transitava — não apenas como cenário, mas também como parte essencial de suas tramas.

Seus personagens se movem por ruas e bairros reais, conhecidos pelo próprio escritor. Mais do que conflitos humanos, suas histórias captam a atmosfera de um tempo e de um lugar que marcam a história de construção da identidade do país.

Em 2023, um vídeo da norte-americana Courtney Henning Novak viralizou no TikTok ao relatar sua descoberta da obra de Machado de Assis. A repercussão da publicação reacendeu o interesse pela chamada “rota literária” do autor — um percurso cultural e geográfico por pontos da cidade que serviram de pano de fundo para seus contos e romances; e da qual raramente saiu. Ao longo da vida, deixou o Rio apenas duas vezes: para visitar Nova Friburgo, na Região Serrana do estado, e Barbacena, em Minas Gerais.

Segundo o site machadodeassis.net, coordenado pela pesquisadora Marta de Senna, o nome do Rio aparece 142 vezes nos romances e contos do autor. Eternizando um modo de viver e perceber a cidade — tão marcante que, mesmo hoje, quem lê suas obras sente que está caminhando por aquelas mesmas calçadas do século XIX.

Confira abaixo seis lugares emblemáticos da literatura machadiana. 

1. Cosme Velho

Machado escolheu viver no Cosme Velho por um motivo simples: era perto da natureza e, ao mesmo tempo, bem conectado com o Centro da cidade. Caminhava pelas Paineiras para pensar e pegava o bonde com facilidade quando precisava resolver algo no Centro. Um equilíbrio perfeito para quem gostava tanto de contemplar quanto de circular.

2. Livraria Garnier (Rua do Ouvidor)

Era quase uma segunda casa. Ali, Machado encontrava amigos, discutia ideias e se reunia com seu editor. A livraria era seu espaço de convivência e trocas intelectuais — um verdadeiro ponto de encontro da cena literária da época.

3. Praça da Constituição (hoje Praça Tiradentes)

Apesar da importância histórica do lugar, Machado não escondia sua aversão à estátua de Dom Pedro I instalada ali. Para ele, homenagear alguém que abandonou o país era um absurdo. A praça, no entanto, era central na vida cultural da cidade e abrigava o Teatro São João, palco das principais apresentações do século XIX.

4. Largo do Machado

Outro lugar que não agradava Machado. Ele achava a igreja Matriz de Nossa Senhora da Glória tão feia que preferia abaixar a cabeça ao passar por lá. A arquitetura definitivamente não conquistou o escritor.

5. Praia do Flamengo

Esse trecho da cidade ganhou destaque na obra “Dom Casmurro”. Foi ali que o personagem Escobar morreu, numa cena forte e simbólica. Machado usava o Rio real como pano de fundo para suas tramas, dando mais peso e veracidade aos enredos.

6. Santa Teresa

O bairro boêmio e artístico que conhecemos hoje já encantava Machado no fim do século XIX. Com a chegada do bondinho, Santa Teresa virou cenário de romances como “Iaiá Garcia”, onde vive Luiz Garcia, um dos personagens principais.

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