Neste 6 de maio, há 169 anos, nascia na Tchéquia Sigmund Freud, o "pai da psicanálise" e um dos mais importantes intelectuais da história da psicologia.
Aqui vão alguns fatos biográficos de Freud que você talvez não conhecesse.
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1. Quando Freud "analisou" Charlie Chaplin
Em 1931, quando o ator norte-americano Charlie Chaplin, conhecido por suas comédias mudas, esteve em Viena, onde Freud residia, o psicanalista escreveu uma carta sobre ele a seu amigo Max Schiller, em que dizia:
"Charlie Chaplin esteve em Viena nos últimos dias. Eu quase o vi, mas estava muito frio para ele aqui, e ele partiu às pressas."
Em seguida, Freud comenta que considera Chaplin "um grande artista", que, no entanto, "interpreta sempre um único e mesmo papel": o jovem "fraco, pobre, indefeso e desajeitado, para quem as coisas sempre dão certo no final".
"Você acha que ele tem de esquecer o próprio ego para [interpretar] esse papel?", pergunta Freud na carta.
Na sua opinião especializada, Chaplin fazia justamente o contrário: "Ele sempre representa apenas a si mesmo, como era na sua tenebrosa juventude. Não consegue escapar dessas impressões e, ainda hoje, 'se compensa' pelas privações e pelo desânimo daquele período."
Ele conclui seu "diagnóstico" assim: Chaplin aparentava ser um "caso particularmente simples e transparente" de sua própria personalidade (e biografia) refletida na sua arte.
2. Quando um produtor de Hollywood pediu a ajuda de Freud
Após a publicação de algumas de suas obras mais famosas, como A Interpretação dos Sonhos (1899), Freud ganhou notoriedade internacional.
Foi então que o produtor e cineasta norte-americano Samuel Goldwyn, um dos fundadores da Paramount, consultou Freud — que ele considerava "o maior especialista em amor do mundo" — e pediu sua colaboração na construção de roteiros para histórias de amor históricas, como a de Antônio e Cleópatra, da famosa peça de Shakespeare.
Goldwyn chegou a viajar até Viena para conhecer Freud e lhe ofereceu 100 mil dólares para atuar como consultor de seu filme épico.
Mas Freud, que era cético quanto ao cinema como meio de transmitir ideias e conceitos psicanalíticos e um crítico ferrenho da cultura norte-americana (e de Hollywood), acabou recusando a oferta. Posteriormente, também rejeitou o pedido do cineasta austríaco G. W. Pabst para produzir um "filme psicanalítico" baseado em conceitos da sua clínica.
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3. Ele se autodenominava um "judeu sem Deus"
Crítico da religião, Freud se declarava um "ateu convicto" e um "judeu sem Deus".
Para ele, na base da religião estavam a "repressão, a renúncia a certas pulsões instintivas" e os "atos obsessivos" que compõem um "cerimonial neurótico".
Apesar disso, acreditava que a psicanálise poderia ser usada como instrumento de análise tanto para religiosos quanto para leigos, desde que estivesse "a serviço dos seres sofredores".
Em seu Mal-estar na Civilização (1930), Freud chega a comparar os efeitos da religião na psique humana aos dos narcóticos, descrevendo-a como um "sol ilusório que gravita em torno do homem", enquanto "o homem não gira ao redor de si mesmo".
4. O cachorro de Freud, Jofi, ajudou a cunhar o termo "cão de suporte"
Durante algumas de suas sessões, Freud permitia que seu cachorro Jofi, um chow-chow, se sentasse ao lado de seus pacientes.
Ele fazia isso porque percebia uma melhora no comportamento deles quando estavam em contato com o animal: costumavam ficar mais relaxados e confortáveis durante a análise.
Quando o conceito de "cão de terapia" (therapy dog) ou "cão de suporte" passou a ser estudado mais a fundo, por volta de 1960, os escritos de Freud sobre a influência de Jofi em suas sessões foram usados como uma fonte empírica para dar mais credibilidade à abordagem.
5. Ele foi indicado ao Prêmio Nobel de Medicina 12 vezes — mas nunca ganhou
Entre 1915 e 1938, Freud foi indicado ao Prêmio Nobel de Medicina 12 vezes, mas nunca venceu. Seus críticos alegavam "falta de provas" empíricas da psicanálise, considerada por muitos um método não científico.
Em uma das indicações, seus apoiadores chegaram a pedir que Albert Einstein o endossasse, o que foi recusado sob o mesmo argumento das "conclusões incertas" da psicanálise freudiana.
Freud também foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura em 1936, por Romain Rolland, um laureado do prêmio, mas também não saiu vencedor.
Em 1930, no entanto, recebeu o Prêmio Goethe, concedido em Frankfurt, na Alemanha, a indivíduos cujas contribuições são consideradas dignas de honra em memória de Johann Wolfgang von Goethe. Na ocasião, por estar fragilizado devido ao câncer, Freud não pôde receber o prêmio pessoalmente e enviou sua filha Anna em seu lugar.