Todos já passamos por isso—encarando um prazo, paralisados pela indecisão, rolando a tela do celular em vez de fazer o que precisa ser feito.
A procrastinação não é só um mau hábito; para filósofos existencialistas como Jean-Paul Sartre e Søren Kierkegaard, é uma declaração profunda sobre como enfrentamos (ou evitamos) nossa própria existência.
Te podría interesar
Jean-Paul Sartre, o existencialista francês, chamaria a procrastinação de um ato de má-fé: mentir para si mesmo para fugir da responsabilidade. Quando você adia uma tarefa, não está apenas sendo preguiçoso; está se recusando a reconhecer sua própria liberdade.
“O homem está condenado a ser livre”, escreveu Sartre. A cada momento, estamos fazendo escolhas que definem quem somos. A procrastinação, então, é uma forma de fingir que essas escolhas não existem. Você diz a si mesmo: Deixo para depois, como se o tempo magicamente tomasse a decisão por você.
Te podría interesar
Mas Sartre argumentaria: O "depois" ainda é você. E você ainda está escolhendo.
Søren Kierkegaard, o pai do existencialismo, via a procrastinação como um sintoma do desespero—o medo paralisante da liberdade. Quanto mais escolhas você tem, mais congelado fica. Contudo, ele avalia que devemos agir quando sabemos o que é o certo a se fazer.
Em o 'Anti-Clímaco', Kierkegaard argumenta que adiar decisões é uma maneira de corromper nosso próprio conhecimento ético. Quando sabemos o que é certo, mas dizemos "deixo para amanhã", a demora enfraquece nossa convicção. Com o tempo, a justificativa para não agir se torna mais convincente, e a ação correta é abandonada.
A procrastinação crônica leva ao desespero (a "doença mortal"), que Kierkegaard associa ao pecado. Não por acaso, mas por rendermos nossa liberdade ao medo ou à preguiça. Quanto mais adiamos, mais perdemos confiança em nossa capacidade de agir moralmente.