A cor laranja, que é também a cor da laranja, fruta que chegou ao Brasil junto com os portugueses, por volta de 1530, com mudas de laranjeiras transportadas às primeiras colônias para combater o escorbuto com vitamina C, é vibrante e inconfundível.
Mas você já se perguntou o que surgiu primeiro: a fruta ou a cor? A resposta pode parecer simples, mas envolve uma fascinante jornada linguística e cultural que atravessa continentes e séculos.
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A laranja que conhecemos hoje, especialmente a variedade doce (Citrus sinensis), é resultado de um cruzamento ancestral entre o pomelo (Citrus maxima) e a tangerina (Citrus reticulata). Esse híbrido surgiu há milhares de anos na região que abrange o sudoeste do Himalaia, o leste da Índia, o norte de Mianmar e o oeste da China. Evidências paleontológicas indicam que frutas cítricas já existiam nessa área entre 11 e 6 milhões de anos atrás.
A primeira menção histórica da laranja-doce na literatura chinesa data de 314 a.C. A fruta foi introduzida na Europa pelos mouros na Península Ibérica durante o século 5, e, posteriormente, os portugueses a trouxeram para cá, no século 16.
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E, embora a cor laranja sempre tenha existido no espectro de cores visíveis, usar o termo "laranja" para se referir a ela é um fenômeno relativamente recente. Quer dizer, antes da introdução da fruta na Europa, não existia uma palavra específica para essa tonalidade, que era descrita, então, como uma variação entre o vermelho e o amarelo. No inglês antigo, a expressão usada era "geoluread", que significa, em tradução livre, algo como "amarelo-avermelhado".
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A palavra "laranja", por sua vez, tem origem do sânscrito "naranga", passando pelo persa "narang" e pelo árabe "naranj", até chegar às variedades linguísticas europeias.
Por fim, por influência do latim "aurantius" (palavra cuja etimologia está relacionada a "aureum", ouro), laranja chegou ao francês como "orange". No francês antigo, tornou-se "pomme d’orenge" (em tradução livre, literalmente a "maçã de laranja"); e, no inglês, só "orange". O uso da palavra para designar a cor só se consolidou mesmo no século 16, mostram registros como o de um livro de contabilidade escocês datado de 1532 que menciona a "meia medida de veludo laranja".
No português, a palavra transformou-se em "laranja", possivelmente pela influência do artigo definido árabe "al-".
Ou seja, para a resposta da pergunta: inequivocamente, a fruta veio antes da cor.