Uma cidade no norte paranaense, a 380 km de Curitiba, apelidada de “Londres brasileira”, mistura uma rica tradição cafeeira a uma cena turística acolhedora e repleta de paisagens naturais.
Londrina, que nasceu oficialmente em 1934, é fruto dos empreendimentos de uma empresa britânica, a Paraná Plantations, fundada em 1924 pelo nobre escocês Simon Joseph Fraser, que adquiriu grandes porções de terra nas regiões norte e noroeste do estado e as vendeu a agricultores de café. Liquidada em 1942, quando deu lugar à Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP), a empresa legou à cidade e ao estado a tradição de segunda maior produtora de café do Brasil por volta de 1950, conhecida como capital mundial do “ouro verde” (o café) entre as décadas de 1960 e 1970. O circuito produtivo do café era integrado por linhas férreas da região, que se desenvolveu rapidamente.
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Créditos: Museu Histórico de Londrina
O clima ameno, os solos ricos em nutrientes e a topografia favorável transformaram rapidamente a cidade em um polo de atração para migrantes de diversas regiões do país e do mundo. À época, o município chegou a figurar entre os mais ricos do Brasil. A prosperidade se refletia nas largas avenidas, nas praças bem cuidadas e nas construções modernas, que mesclavam o estilo brasileiro com influências europeias.
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Com o declínio da cultura cafeeira nas décadas seguintes, Londrina não perdeu o fôlego. Investiu pesado em educação — a Universidade Estadual de Londrina (UEL), criada em 1970, é hoje uma das mais respeitadas do país — e consolidou-se como polo regional de serviços, saúde, comércio e cultura. Foi eleita a segunda cidade mais sustentável do Brasil em 2023 pelo ranking "Cidades Sustentáveis", da plataforma Bright Cities. Essa capacidade de reinvenção moldou uma cidade vibrante e acolhedora, que hoje também aposta no turismo como caminho de desenvolvimento.
Créditos: Unsplash
Para o visitante, Londrina oferece uma combinação equilibrada de atrações naturais, culturais e gastronômicas. O Lago Igapó, cartão-postal da cidade, é dividido em quatro partes e margeia avenidas movimentadas como a Higienópolis. O trecho mais popular, o Igapó 1, reúne famílias, ciclistas e praticantes de esportes ao ar livre ao redor de um espelho-d’água cercado por jardins, pista de caminhada e equipamentos de ginástica. Ao entardecer, o pôr do sol sobre o lago é um espetáculo que se tornou ritual para muitos moradores.
Outro espaço verde de destaque é o Parque Municipal Arthur Thomas, um trecho de vegetação de Mata Atlântica no Paraná, conhecido por sua pista de caminhada circular. O parque, no perímetro urbano da cidade (a cerca de seis quilômetros), foi construído dentro de uma cratera de origem vulcânica e abriga nascentes, cachoeiras e trechos preservados de natureza.
Créditos: Wikipedia
Já a herança histórica de Londrina pode ser explorada no Museu Histórico Padre Carlos Weiss, instalado na antiga estação ferroviária e responsável por preservar fotografias, documentos, objetos e móveis do período da colonização. O Museu de Arte de Londrina, projetado pelo arquiteto paranaense Vilanova Artigas e inaugurado em 1952, funciona no antigo terminal rodoviário e reúne exposições rotativas de artistas locais e nacionais. O Cine Teatro Ouro Verde, na região central da cidade, também é referência cultural e recebe, além de mostras de cinema, espetáculos musicais, de dança e teatro.
O Centro Histórico, embora parcialmente descaracterizado ao longo do tempo, ainda guarda exemplares arquitetônicos importantes, como o prédio do Colégio Mãe de Deus e a Catedral Metropolitana de Londrina. Esta última, construída em estilo modernista com vitrais imponentes e uma torre de 60 metros, é um marco religioso e turístico da cidade.
Para os amantes da natureza, o Jardim Botânico de Londrina (JBL), que funciona das terças-feiras aos domingos, entre as 8h e as 18h, é uma joia da região. Com trilhas suspensas, viveiros de plantas nativas e um mirante com vista panorâmica, o espaço é ideal para caminhadas, observação de aves e atividades educativas com crianças.
Créditos: fotografia de Wilson Vieira / Instituto de Desenvolvimento de Londrina, divulgação
A agenda cultural londrinense é animada ao longo do ano, e reúne eventos culturais como o Festival Kinoarte de Cinema, o Festival Internacional de Música de Londrina e a tradicional ExpoLondrina, feira agropecuária que atrai milhares de visitantes todos os anos ao Parque Ney Braga. Feiras gastronômicas, festas universitárias e festivais de música independente também movimentam a cena local.
Na culinária, Londrina mistura sabores do interior paranaense com influências trazidas por descendentes de italianos, japoneses, alemães e árabes. Restaurantes como o Vila Brasil, especializado em carnes, e o Hachimitsu, de culinária oriental, são boas pedidas. Para quem prefere experiências mais descontraídas, há feiras noturnas e espaços como o Mercadão da Prochet, que reúne empórios, cafés e cervejarias artesanais em ambiente moderno.