A 40ª edição da Feira do Livro de Canoas, no Rio Grande do Sul, marcada para o início de outubro, já começa envolta em polêmica. A escritora e ilustradora de literatura infantil Paula Taitelbaum teve sua participação cancelada pela organização do evento, que alegou inicialmente questões burocráticas. A autora, porém, contesta e afirma ter sido alvo de um veto sem explicações claras.
O impasse surgiu após uma postagem do historiador Eduardo Bueno, marido da escritora, sobre o influenciador trumpista Charlie Kirk, assassinado nos Estados Unidos. A publicação chegou a circular nas redes sociais, mas foi apagada em seguida. Nos bastidores da feira, o episódio passou a ser apontado como possível razão do cancelamento.
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Justificativas desencontradas
Paula, no entanto, relata que recebeu justificativas desencontradas. “Primeiro me disseram que um patrocinador havia desistido de apoiar o evento. Depois, mudaram a versão e falaram em falta de documentos, mas todos já tinham sido entregues e confirmados”, contou ao Estadão. Segundo ela, nem mesmo a proposta de participar sem receber cachê foi considerada pela organização. “Quando questionei, não responderam mais”, disse.
A prefeitura de Canoas, responsável pelo evento, não comentou diretamente o caso da escritora. Informou apenas que a programação ainda está em elaboração e que serão destinados R$ 3.340 em bônus-livro para estudantes da rede municipal — o equivalente a R$ 60 por aluno.
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Caso Milly Lacombe
O cancelamento da participação de Paula Taitelbaum remete a outro caso ocorrido nesta semana. A jornalista Milly Lacombe foi retirada da programação da Flim (Festa Litero Musical) de São José dos Campos. A decisão partiu do prefeito Anderson Farias (PSD), que anunciou neste fim de semana o veto à presença da escritora no evento programado para este mês, no Parque Vicentina Aranha.
Em vídeo publicado pelo vereador Zé Luís (PSD), aliado da administração, o prefeito afirmou ter procurado a AFAC (Associação para o Fomento da Arte e da Cultura), responsável pela gestão do parque, para cancelar a participação de Milly. Segundo ele, a medida foi tomada em razão de declarações da jornalista sobre a chamada “família tradicional brasileira”.
A medida, classificada por curadores e artistas como um ato de censura, provocou uma onda de cancelamentos que inviabilizou a realização do festival, até então consolidado como o maior evento literomusical do Vale do Paraíba e um dos mais importantes do interior paulista.