“A democracia está sendo ameaçada todo santo dia”, diz Marieta Severo

A atriz, que revelou votar em Lula, afirmou ter medo das eleições de 2022, mas alertou: “Esse ano é o ano de berrar, gritar, tentar convencer, tentar ver quem são esses 20% da população”

Andréa Beltrão e Marieta Severo votarão em Lula em outubro (Foto: Reprodução/Instagram)
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Ao celebrarem 15 anos do Teatro Poeira, de propriedade de Marieta Severo, 75 anos, e Andréa Beltrão, 58 anos, as sócias convivem com dificuldades com o projeto de desmonte da cultura nacional, promovido pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).

As atrizes revelaram que, sem hesitar, votarão em Lula (PT) em outubro deste ano. Elas afirmam que o ambiente político de perseguição e desmanche, em todos os setores culturais, afeta pessoalmente a dupla, pois desestimula qualquer centelha de criatividade, elemento imprescindível para o ofício cênico.

“Nunca se falou tanto na palavra ‘democracia’, por quê? Porque ela está sendo ameaçada todo santo dia. Temos que relembrar todo dia o que é a democracia, vendo as instituições ruindo por dentro. Esse ano é o ano de berrar, gritar, tentar convencer, tentar ver quem são esses 20% da população. Qual a alma de vocês para apoiar isso? Eu tenho medo”, destaca Marieta, em entrevista a Gustavo Zeitel, na Folha de S.Paulo.

A atriz relata que o setor teatral foi um dos mais atingidos pelos cortes de patrocínio da Petrobras, a partir de 2019. As redes bolsonaristas falavam em “fim da mamata”, o que ficou provado que era um argumento totalmente sem sentido. “É má-intenção. Conseguiram colar essa pecha na gente. A mamata deles continuou. Só não é desvendada porque eles se protegem”, aponta Marieta.

“Fizemos todo o Poeira com o nosso dinheiro. Mas não temos nenhum problema com a Lei Rouanet, a gente só tem a favor. Todos os países do mundo têm incentivo cultural, que rende milhões e emprega milhões. Essa secretaria de Cultura que está aí não entende nada”, critica a atriz.

“Witzel, Crivella, Cláudio Castro, são tão nocivos e insignificantes ao mesmo tempo”, diz Andréa

A crise econômica que afeta o Rio de Janeiro também prejudica a administração do Teatro Poeira.

Witzel, Crivella, Cláudio Castro, são tão nocivos e insignificantes ao mesmo tempo. Agora, não tenho mais essa questão de ‘se é religioso é careta’. Chega um momento em que uma ausência total do Estado em relação aos direitos dos habitantes da cidade abre um espaço que precisa ser ocupado”, reflete Andréa.