A dimensão histórica de Edith Piaf em contraste com a mediocridade de Sérgio Moro

Saiba aqui quem é a cantora francesa Edith Piaf, citada erroneamente pelo ex-juiz como “Piá”, gíria para “moleque no Sul do Brasil

Foto: Arquivo
Escrito en CULTURA el

A cantora Edith Piaf é um dos mais fortes ícones da França. Conhecida como “a Voz da França”, ela é a autora, entre outras, de nada mais nada menos que a canção “La vie em rose”, talvez a melodia francesa mais famosa depois da Marselhesa, o mais belo hino do planeta.

Edith Piaf teve uma vida trágica, abandonada pela mãe aos dois anos, deixada pelo pai para ser criada pela avó em um bordel, sua primeira referência de afeto foi a prostituta Titine, que a criou como mãe durante três anos.

Edith Piaf foi artista de rua. Se apresentava ao lado do pai, que era malabarista, pelas ruas de Paris. Foi descoberta por Louis Leplée, dono do cabaré Le Gerny's, situado na avenida Champs Élysées.

Ele a transformou em uma cantora profissional, a ensinou a se portar no palco, conseguiu tirar seu pavor da plateia e a apelidou de a Môme Piaf, uma expressão que significa "pequeno pardal" ou "pardalzinho", por conta de sua pequena estatura.

Teve vários casamentos conturbados, apanhou de maridos, namorados, amantes e perdeu sua única filha de dois anos de idade para a meningite.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Piaf permaneceu na França, cantando pelas ruas. Chegou a ser acusada de traição, mas, na verdade, segundo dizem, trabalhou como infiltrada da resistência francesa.

Após a guerra, Piaf se tornou uma cantora famosa mundialmente. Sua voz cortante, de timbre raro, pungente e extremamente afinada ganhou o planeta e suas apresentações eram celebradas por personalidades de todo o planeta.

“Non, je ne regrette rien (Não me arrepende de nada)” de Charles Dumont com letra de Michel Vaucaire”, a famosa canção citada pelo ex-juiz Sérgio Moro, que a chamou canhestramente de “Edith Piá”, talvez tenha sido seu último sucesso.

Ela foi lançada no lendário Teatro Olympia de Paris, em 1961. Na plateia estavam Yves Montand, Alain Delon, Louis Armstrong, Paul Newman, George Brassens, Duke Ellington e Jean-Paul Belmondo.

Piaf dedicou a canção à Legião Estrangeira Francesa, que naquele momento estava envolvida na Guerra da Argélia (1954–1962). Ela virou uma espécie de hino do 1º REP (1º Regimento Estrangeiro de Pára-quedas), que apoiou o golpe fracassado de 1961 contra o presidente Charles de Gaulle e a liderança civil da Argélia.

A liderança do Regimento foi presa e julgada. Segundo consta, os suboficiais, cabos e legionários foram designados para outras formações da Legião Estrangeira e deixaram o quartel cantando a canção.

Piaf morreu em 10 de outubro de 1963 de câncer no fígado, em decorrência do excesso de álcool. Foi enterrada no Cemitério do Père-Lachaise, em Paris. Seu cortejo foi acompanhado por uma multidão poucas vezes vista na cidade. Seu túmulo é um dos mais visitados por turistas de todo o mundo.

Segundo a pesquisa da BBCLe Plus Grand Français, Édith Piaf foi considerada a 10.ª maior personalidade francesa de todos os tempos.

Como se pode perceber, a citação enviesada e errada do ex-juiz tem um contraste enorme da dimensão histórica entre um personagem e outro.

E, a propósito, “piá” no Sul do Brasil é uma gíria para designar “moleque”.

https://www.youtube.com/watch?v=Q3Kvu6Kgp88&ab_channel=ondrejtis

Temas