Coletivo que fez “Mestre Moa”, gravada por Caetano, lança livro de poesia de resistência

A obra “#EleNão – Poéticas combativas ao inominável” pode ser baixada gratuitamente. O Coletivo Poecrática tem apoio de nomes como Leonardo Boff, Daniela Mercury e Zélia Duncan

Foto: Divulgação
Escrito en CULTURA el
Inicialmente, era um grupo de poetas que se reunia todas as segundas-feiras no bar Velho Espanha, em Salvador, Bahia. O projeto deles se chama Som das Sílabas e é um sarau dedicado exclusivamente à divulgação de poesias e canções autorais. Diante da emergência em que se transformou o processo eleitoral brasileiro, a poesia e a música da garotada ganhou as ruas e se misturou ao noticiário. O grupo ganhou nome. E virou o Coletivo Poecrática. Mestre Moa A primeira obra visível, que seria um poema coletivo para virar música com o tema #elenao, se transformou na canção “Mestre Moa”, de autoria de Sandra Simões, Gabriel Povoas e Alfredo Moura. Por meio de Marcos Rezende, Tanira Fontoura e Moreno Veloso, a canção foi gravada por Caetano Veloso, virou clipe e correu o Brasil, em homenagem ao lendário capoeirista e músico brutalmente assassinado. #EleNão – Poéticas combativas ao inominável A partir daí, o grupo floresceu produzindo resistência “artivista”, como eles chamam, em forma de livro digital. O primeiro filho foi o livro de poesias de resistência “#EleNão – Poéticas combativas ao inominável”, que pode ser lido gratuitamente aqui. Gabriel Póvoas é o coordenador editorial da obra, junto com a escritora e educadora Flavia Maria, para quem "as únicas palavras que parecem realmente dar conta de toda a concretude que nos toma são as poéticas". A revisão final do livro é de Flavia Neves. A capa e a editoração são da designer e ilustradora Serena Corberotti e da designer gráfica Carla Piaggio. O Coletivo Poecrática O Coletivo Poecrática é formado por Sávio Andrade, Pareta Calderasch, Alex Simões, Bruno Machado, Heder Novaes, Léo Nogueira, Maria Kammily Campos, Sandra Simões, Sandro Sussuaruna, Ísis Valentini, Emmanuel 7Linhas, Nunyara Teles, Lana Scott, Flavia Maria e Gabriel Póvoas.  Nas páginas da publicação, constam textos assinados por agentes da cultura e política nacional, apoiadores do coletivo, como Elisa Lucinda, Malu Verçosa Mercury, Daniela Mercury, Chicco Assis, Margareth Menezes, Guilherme Boulos, Márcia Tiburi, Isadora Salomão, Zélia Duncan, Paulinho Boca de Cantor, Leonardo Boff,  Lenno Sacramento, Valeska Zanello, Manno Góes, Coletivo de Cinema pela Democracia, Gil Vicente Tavares, Marcos Rezende, Pastor Henrique Vieira e Rone Dum Dum. Depoimentos “Esse coletivo de poetas me inspira respirar nesse momento de total asfixia. Descobri que meu pulmão não estava sendo usado, quando comecei a ler esses escritos. Dei um suspiro infinito, junto com um quase grito e enquanto recebia oxigênio e transfusão dessas palavras de ordem e amor urgente, fui voltando à vida.  Não estamos sozinhos enquanto tivermos o impulso vital pra estarmos juntos. Amando esse jorro de diversidade, tirando dele o alimento, aprendendo uns com os outros a drenar coragem e rastrear poesia. Palavra-antídoto mais usada e útil aqui, contra a palavra-ódio”, escreve a cantora Zélia Duncan sobre a sua participação no livro. “Há momentos na história em que só a poesia e a reflexão nos colocam em conexão com a realidade ao nosso redor. São momentos de perplexidade, incredulidade e brutalidade. Como pode uma democracia ser tão perigosamente ameaçada, justamente por meio da opção popular? O que houve com a empatia; com o querer bem ao próximo e com a sincronia com os avanços e conquistas sociais?”, questiona o músico Manno Góes.