Eduardo Goldenberg lança “Tijucanismos”, livro que já tinha fãs ilustres antes mesmo de existir

Livro reúne 15 crônicas de histórias de sua vida passadas no bairro da Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro, além de ilustrações do artista plástico e arquiteto Humberto Hermeto

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Recomendado pelo compositor e escritor Aldir Blanc, o advogado e escritor Eduardo Goldenberg finalmente escreveu e acaba de lançar o livro “Tijucanismos”, que reúne 15 crônicas de histórias de sua vida passadas no bairro da Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro, além de ilustrações do artista plástico e arquiteto Humberto Hermeto.

Quem já leu, como por exemplo o editor da Fórum, Renato Rovai, recomenda fortemente. Além dele, o pesquisador, professor e também escritor Luiz Antonio Simas também não economiza elogios e afirma, na apresentação do livro:

“O Edu cronista — para mim, um dos maiores — lembra muito uma imortal cena de Mané Garrincha em um Botafogo x Vasco que já revi duzentas vezes: Mané vai, volta, segue, retorna, pisa na redonda e, subitamente, dá o bote de cascavel matreira para consumar o drible. O turbilhão de lembranças tijucanas, os arremessos ao passado, as pausas, desvios, conduzem ‘garrinchianamente’ Edu ao texto de placa.”

A cantora Luana Carvalho também gostou e prefaciou:

“O Edu é esse bairro e esse livro. E quando o autor se mistura à sua obra a ponto de não desaparecer, mas ser, de fato, aquilo que escreve, o leitor acaba por viver a história como se escrevesse junto, maravilhado, como empunhasse também em suas mãos aquilo que lê.”

O talento do Edu para o gênero fez virar crônica até sua apresentação para o livro. Veja abaixo e texto e siga o link aqui pra comprar o livro:

Era pra ser um e-book - foi essa a proposta, era essa a ideia, foi escrito com esse intuito. Estávamos no que imaginávamos ser o auge da pandemia, livrarias fechadas, e foi essa a proposta, era essa a ideia, foi escrito com esse intuito. Aliás, foi escrito fora do Rio, em Petrópolis mais precisamente, durante uma temporada de fuga no turbulento 2020.

Desde o início a ideia era escrever sobre a Tijuca - e eu efetivamente escrevi sobre a Tijuca.

E escrever sobre a Tijuca (onde nasci e fui criado, onde vivo até hoje - e por enquanto) sempre foi escrever sobre minha família, sobre a parentalha, sobre as velhas e os velhos, sobre a mulherada, sobretudo sobre a mulherada (minha bisavó e suas irmãs, minhas avós, minha coleção de tias), o fortíssimo matriarcado que me criou, sobre as pessoas-satélites que giravam e ainda giram em volta de mim, em volta dos Monteiro de Barros, dos Montenegro Braga, dos Glicklich e dos Goldenberg.

Era pra ser um e-book mas não vai mais ser.

A Flávia, minha Morena, sempre a primeira a me ler, tentou, ainda na serra, me demover da ideia do livro eletrônico. Nasceu ali, portanto, o não-e-book.

Daí Humberto Hermeto, meu irmão mineiro, que faria apenas a capa (topou de cara), decidiu, ele mesmo!, ilustrar as crônicas. Carolina Cadavid, uma amiga muito querida de Girona, da Cataluña profunda, sempre leitora de primeira hora também, concordou que não podia ser um e-book. E mais um. E mais uma. E a coisa foi num crescendo, numa espiral de afeto, e eis que Marianna e Vítor, editores da Mórula, decidiram lançar Tijucanismos à moda: em papel, físico, com as ilustrações coloridas, e eu confesso a vocês que me lêem aqui que fiquei muito satisfeito com o resultado.

O livro tem prefácio de Luana Carvalho, o que me deu (e me dá) uma alegria imensa - muito por conta do elo que, lá atrás, nos uniu, sua mãe, Elizabeth Santos Leal de Carvalho, e do elo que nos mantêm unidos hoje, nossos filhos. Isso pra não falar que foi a Morena, sem nenhuma interferência minha ou mesmo da Beth, que trouxe a Luana pra mais-perto.

Tem apresentação de Luiz Antonio Simas e de Juliana Monteiro e é dedicado à Flávia, minha Morena, à Teresa (minha afilhada mais nova, tecnicamente tijucana embora tenha nascido em Laranjeiras) e à memória de meu pai, meu irmão, meu confidente, meu querido e saudoso Aldir Blanc, que virou saudade (que não passa) em 04 de maio de 2020.

Eu falei o nome de Aldir Blanc e quero lhes contar um troço, antecipando um trecho do prefácio do Simas. Diz ele: “Convivendo com o autor, sou testemunha de que Aldir Blanc clamava aos ventos que sopram dos Alpes Tijucanos por um livro como esse. Edu, que não é maluco, sabe que a gente pode até não atender pedido de gente viva, mas de quem foi oló a gente atende na hora.”.

E é à vera: Aldir insistiu demais pra que eu escrevesse esse livro (que infelizmente ele não pôde ler), pra que eu contasse as histórias do meu pai, as histórias da minha família, as histórias que ele tanto gostava de me ouvir contar. Tenho comigo os incontáveis e-mails com seus apelos. Registros, registros, registros.

O livro é isso também, um compilado dos meus registros, resultado de sístoles e diástoles no curso dos meus arrancos pra trás, crônicas que mantêm vivas as memórias que preservam as minhas saudades, meus maiores amores e minhas maiores dores.

Termina com Mazal tov, em homenagem a meu avô paterno, Oizer Goldenberg, de quem me lembro rigorosamente todos os dias porque as lembranças que guardo dele estão todas assentadas na praça Afonso Pena, onde moro.

A praça Afonso Pena e suas árvores, a praça Afonso Pena e o Salão América, a praça Afonso Pena e os bancos de madeira pintada de verde onde tantas vezes - tantas vezes - se sentou meu avô.O mesmo banco de praça em que sentou-se meu pai em março de 1970, eu com 11 meses de idade, poucos minutos depois de cortar o cabelo pela primeira vez com o Raul, meu barbeiro até hoje, justo no Salão América.