Em BH, morador entra na justiça contra mural que exalta mulher negra: "Gosto duvidoso"

Com base em lei da ditadura um único morador de um prédio na capital mineira quer censurar mural de 1365 m². "Expressão do racismo estrutural", diz coletivo responsável pela obra

Mural da artista Criola, em BH, que único morador quer que seja apagado (Reprodução/Instagram)
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Um morador da região central de Belo Horizonte, em Minas Gerais, entrou na justiça pedindo a retirada de um painel gigantesco que exalta a mulher negra no edifício Chiquito Lopes, na rua São Paulo.

Em post no Instagram neste sábado (21), o Circuito Urbano de Arte de Belo Horizonte (Cura), responsável pelas pinturas nos prédios da capital mineira, diz que o morador alega que "na?o e? uma simples pintura, e? uma decorac?a?o de gosto duvidoso".

"O mural em questa?o foi feito pela @criola___ , artivista que aborda suas vive?ncias enquanto mulher preta brasileira. O mural, que corre o risco de ser apagado, de nome 'Hi?brida Ancestral – Guardia? Brasileira', de 1365 m², retrata uma mulher preta com uma cobra coral e um u?tero. Em seu trabalho, a artista objetivou retratar – 'um caminho interno de honra a?s mulheres e seu sangue sagrado, de honra ao povo preto e aos povos origina?rios brasileiros e seus descendentes como legi?timos guardio?es dos portais da espiritualidade que sustentam o nosso pai?s', diz a publicação.

Segundo a Cura, o morador usa uma lei da Ditadura Militar para tentar censurar a obra de arte. "O processo ajuizado por este único morador insatisfeito podem ser interpretados como expressão do racismo estrutural, por se tratar de uma obra afrocentrada de uma artista descendente da diáspora africana. Não é por acaso que o autor da ação utiliza uma lei do regime militar (Lei nº 4591/1964), já superada pelo Código Civil de 2002, para sustentar que a realização da obra precisaria da aprovação unânime de todos condôminos".