Enredo da Imperatriz Leopoldinense gera revolta em setores do agronegócio

Samba que gerou nota de repúdio de entidade ruralista homenageia os índios do Xingu e cita “o monstro que roubou as terras dos seus filhos, devora as matas e seca os rios, tanta riqueza que a cobiça destruiu”.

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Samba que gerou nota de repúdio de entidade ruralista homenageia os índios do Xingu e cita “o monstro que roubou as terras dos seus filhos, devora as matas e seca os rios, tanta riqueza que a cobiça destruiu”. Da Redação O samba enredo da escola “Imperatriz Leopoldinense”, que neste Carnaval tem como tema "Xingu - O clamor que vem da Floresta", gerou revolta no setor do agronegócio mato-grossense e brasileiro. A música faz uma crítica contundente aos donos de terra: “O belo monstro rouba as terras dos seus filhos, devora as matas e seca os rios, tanta riqueza que a cobiça destruiu, Sou o filho esquecido do mundo, minha cor é vermelha de dor, o meu canto é bravo e forte, mas é hino de paz e amor”. O samba enredo, de composição de Moisés Santiago, Adriano Ganso, Jorge do Finge e Aldir Senna, recebeu nota da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, assinada pelo presidente da entidade, Arnaldo Manuel Machado Borges. No texto, Arnaldo afirma de forma exagerada que "Antes de mais nada, é preciso esclarecer e reforçar que o país do samba é sustentado pela pecuária e pela agricultura". A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu afirma ainda ser “Inaceitável que a maior festa popular brasileira, que tem a admiração e o respeito da nossa classe, seja palco para um show de sensacionalismo e ataques infundados pela Escola Imperatriz Leopoldinense". Confira o samba enredo escola Imperatriz Leopoldinense - “Xingu – O clamor que vem da floresta”: Brilhou… a coroa na luz do luar! Nos troncos a eternidade… a reza e a magia do pajé! Na aldeia com flautas e maracás kuarup é festa, louvor em rituais na floresta… harmonia, a vida a brotar sinfonia de cores e cantos no ar o paraíso fez aqui o seu lugar jardim sagrado o caraíba descobriu sangra o coração do meu brasil o belo monstro rouba as terras dos seus filhos devora as matas e seca os rios tanta riqueza que a cobiça destruiu Sou o filho esquecido do mundo minha cor é vermelha de dor o meu canto é bravo e forte mas é hino de paz e amor Sou guerreiro imortal derradeiro deste chão o senhor verdadeiro semente eu sou a primeira da pura alma brasileira Jamais se curvar, lutar e aprender escuta menino, Raoni ensinou liberdade é o nosso destino memória sagrada, razão de viver andar onde ninguém andou chegar aonde ninguém chegou lembrar a coragem e o amor dos irmãos e outros heróis guardiões aventuras de fé e paixão o sonho de integrar uma nação kararaô… kararaô… o índio luta pela sua terra da imperatriz vem o seu grito de guerra! Salve o verde do xingu… a esperança a semente do amanhã… herança o clamor da natureza a nossa voz vai ecoar… preservar! Ser um #SócioFórum é muito fácil: escolha a contribuição que cabe no seu bolso e apoie a mídia livre!