Ingrid Guimarães no Altas Horas: “Agora a gente tem uma política de nenhum incentivo ao cinema”

“Qualquer país do mundo civilizado valoriza a própria língua, o próprio cinema”, disse ainda a atriz sob aplausos

Foto: Reprodução TV Globo
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A atriz Ingrid Guimarães foi parar entre os assuntos mais comentados do Twitter, na manhã deste domingo (29), após afirmar durante participação no programa “Altas Horas”, de Serginho Groisman, que “agora que a gente tem uma política de nenhum incentivo a cinema”. Após lembrar que a série de filmes “De Pernas pro Ar”, que acaba de ganhar a terceira versão, chegou à marca de 12 milhões de espectadores, a comediante disse que “se a gente não tomar cuidado, nossos filhos só vão ver filmes em inglês ou dublados”. “Então, eu continuo nessa resistência de fazer filme popular e de inspirar as pessoas pra que vão assistir nas primeiras semanas pra que o cinema não acabe, ainda mais agora que a gente têm uma política de nenhum incentivo ao cinema”, advertiu. Ingrid lembrou que, “se a gente, que têm a cara popular, não for lá e defender esse cinema, a gente não vai formar plateias. As plateias vão ser sempre formadas por super-heróis, que eu não tenho nada contra, mas qualquer país do mundo civilizado valoriza a própria língua, o próprio cinema”, encerrou sob aplausos. A jornalista Maju Coutinho, que também participava do programa, chamou a atenção: “você levou uma cidade de São Paulo para o cinema”. Ingrid lembrou que ainda têm os outros filmes que ela fez, como o “Loucas pra Casar”, “Fala Sério, Mãe”. “Sigamos na luta de levar o público brasileiro ao cinema”, encerrou. Assista o vídeo aqui, no Globoplay Ancine As políticas públicas para o audiovisual do governo de Jair Bolsonaro (Sem Partido) têm sido criticadas quase que de maneira unânime por artistas, produtores e diretores. Em clima de perseguição, a Agência Nacional de Cinema (Ancine) cancelou uma exibição do filme “A Vida Invisível”, do diretor Karim Aïnouz, prevista para o início de dezembro. A atividade seria parte de um programa de capacitação de servidores e contaria também com um debate. No mesmo período, momentos antes da exibição de “Marighella”, o diretor Wagner Moura “trocou algumas palavras” com o público presente em um dos auditórios da Universidade de Columbia, durante o “African Diaspora International Film Festival”, em Nova York. Na ocasião, ele denunciou a destruição da Cultura no Brasil, assim como da Ancine  (Agência Nacional de Cinema). “Eu não gosto de falar do ‘Marighella’ como um caso isolado: todo o universo da cultura, no Brasil, está basicamente destruído. A Ancine está destruída. Acabada. Game over. E esse é o jeito que eles fazem hoje: a censura não é como a da ditadura militar, que dizia ‘isso é proibido'”, disse. Durante intervenção na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Fake News, o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) revelou que Jair Bolsonaro sequer sabia o que era Ancine. “Quando eu falei da Ancine pro presidente Bolsonaro, ele me disse que não sabia o que era Ancine. Eu tive que explicar pra ele o que era Ancine”, disse, para demonstrar a total falta de familiaridade do presidente quando o assunto é cultura. Em janeiro, Bolsonaro deve encaminhar ao Senado pelo menos três nomes para compor a diretoria da Ancine. Dois deles, no entanto, já são avaliados como certos. O primeiro é o pastor Edilásio Santana Barra Júnior, conhecido como Tutuca. Outro é Verônica Brendler, diretora do Festival Internacional de Cinema Cristão (FICC).