Luiz Antônio Simas: Carnaval contra fundamentalistas e fanáticos obscurantistas

Historiador vê o bom momento do carnaval carioca: “Precisamos, os que amamos isso, entender do que se trata. É muito mais que carnaval”

Último carro, com os livros e os professores, no desfile da Mangueira (Reprodução)
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O historiador Luiz Antônio Simas fez uma sequência entusiasmada sobre o bom momento que vivem as Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Segundo ele, são bons enredos, bons sambas, excelentes baterias - com andamentos cada vez melhores. Simas lembra que “o prefeito do Rio detesta carnaval. É um fundamentalista perigoso. Fanáticos obscurantistas ocupam cargos estratégicos no governo federal. Há quem diga que eles desconhecem a força do carnaval. Pelo contrário. Conhecem e é exatamente por isso que o atacam”. Leia a thread completa abaixo: O ano das escolas de samba é especial: temos bons enredos (ex: Portela, Mangueira, Grande Rio, Salgueiro, Mocidade, Viradouro, São Clemente, Tijuca), bons sambas, excelentes baterias - com andamentos cada vez melhores após descacetamento dos anos 90 - artistas de ponta. Nova geração de carnavalescos talentosos, ensaios de rua mobilizando Rio e Niterói, pautas pertinentes (intolerância religiosa, racismo religioso, legado indígena, outros signos para o Cristo, urbanismo, sátira política, centralidade de personagens negros, cultura popular). Economia criativa empregando gente nos barracões, imprensa alternativa com pautas ousadas (acompanhem, p. ex., o trabalho do @Carnavalize), trabalho das turmas consagradas da @rdarquibancada, @scarnavalesco, @srzdcarnaval, etc. Gente produzindo conteúdo e pensando o carnaval, inclusive na academia, escolas fortalecendo elos com suas comunidades - basta ver o que a Portela faz em Madureira, com iniciativas espetaculares -, vasto material circulando na rede... Problemas existem? Sim e precisamos falar deles, mas me parece que o momento também é o de defender o carnaval, afirmar sua importância civilizatória, comunitária, original. Estimular quadras vivas, estudos, capacitação de trabalhadores, formação de novos compositores. O prefeito do Rio detesta carnaval. É um fundamentalista perigoso. Fanáticos obscurantistas ocupam cargos estratégicos no governo federal. Há quem diga que eles desconhecem a força do carnaval. Pelo contrário. Conhecem e é exatamente por isso que o atacam. Escolas de samba são instituições de vanguarda da cultura afro-carioca. Inventaram outra cidade, conferiram dignidade a seus territórios, construíram laços de pertencimento, produziram beleza. Precisamos, os que amamos isso, entender do que se trata. É muito mais que carnaval.