Mestre Lumumba lança álbum “Amor para a Terra Toda”, resultado de 30 anos de pesquisa

O disco conta com canções de domínio público recolhidas nos terreiros de matrizes afro-ameríndias da região sudeste do Brasil, cantadas em “língua de preto”, junção dos troncos étnicos banto, jeje e nagô

Foto: Raul Zito/Divulgação
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O luthier, compositor, instrumentista e pesquisador da cultura negra Mestre Lumumba acaba de lançar o álbum “Ifé Bogbo Aiye”. Produzido no estúdio Kalakuta, quilombo urbano localizado na periferia da zona oeste de São Paulo, o disco conta com a direção musical de João Nascimento e participação de importantes artistas e produtores da cena cultural preta de São Paulo, que se reuniram de forma colaborativa para a realização desta obra.

Foto: Raul Zito

O álbum consiste no registro fonográfico de uma pesquisa cultural/musical que vem sendo realizada pelo artista Lumumba a mais de 30 anos em suas andanças, trajetórias e experiências percorridas em terreiros de candomblé, nos quintais de barro batido de seus bisavós, em espaços de resistência negra, em quilombos e vivências artísticas na cena da música brasileira.

“Registrar essa obra é manter viva a história e o legado cultural de Mestre Lumumba, bem como, materializar a memória de um povo que ao longo do tempo historicamente vem sendo invisibilizado, de maneira simbólica, violentado pela cultura colonialista hegemônica”, destaca João Nascimento produtor musical.

Foto: Raul Zito

“Ifé Bogbo Aiye” significa “Amor para a Terra Toda” em língua de preto, como define Mestre Lumumba. “Em tempos de pandemia, o amor pode ser um caminho viável para um mundo que ainda insiste em violentar as populações negras e indígenas, que naturaliza a morte de centenas de milhares de pessoas, principalmente os mais idosos, que extermina as principais riquezas naturais do planeta que são nossas florestas, nossas águas e animais, que demoniza o culto às deusas e aos deuses de religiões não eurocentradas, reflete Mestre Lumumba, sobre a importância de lançar essa obra em tempos de crise acentuada no universo.

O álbum conta com canções de domínio público recolhidas nos terreiros de matrizes afro-ameríndias da região sudeste do Brasil, cantadas em “língua de preto” que compreende a junção dos troncos étnicos banto, jeje e nagô, ainda falados nos chamado enquistamentos culturais afro-brasileiros, sendo uma língua difundida no Brasil desde o processo de escravização na diáspora africana, antes mesmo da língua nacional ser oficializada como o português, sendo conhecida como “língua geral brasileira”. O álbum será organizado em formato de “Suíte Negra em Si menor”, uma “coleção-conjunto” de peças musicais ligadas a interlúdios compostos sobre o tema IFÉ BOGBO AIYE.

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