Morre o escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza, inventor do inesquecível detetive Espinoza

Apesar da sua trajetória como psicanalista, Garcia-Roza ficou conhecido mesmo escrevendo ficção policial, quando já tinha passado dos 60 anos

Foto: Bel Pedrosa/Divulgação
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O escritor, professor e psicanalista Luiz Alfredo Garcia-Roza morreu, nesta quinta-feira (16), aos 84 anos. Criador do inesquecível detetive Espinoza, ele era um dos mais importantes romancistas do gênero policial no Brasil.

Por coincidência, Garcia-Roza morre um dia depois de Rubem Fonseca que, ao seu lado, era considerado um dos grandes da última safra da literatura brasileira ainda vivos.

De acordo com informação de Euler de França Belém, no Jornal Opção, Garcia-Roza estava internado há um ano no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul no Rio de Janeiro. Tinha uma doença neurológica e, por isso, não escrevia mais. Ele era casado com a escritora Lívia Garcia-Roza. “Eu e Luiz Alfredo vivemos a mais bela história de nossas vidas”, afirma a autora.

Ele dizia para sua mulher: “Eu escrevo ficção, mas eu sou um professor, vivo meu pensamento”. “Suas aulas eram uma festa intelectual”, afirma Lívia Garcia-Roza. Ela vai lançar, brevemente, um romance autobiográfico, “Não Sabia Que Nos Amávamos Tanto”. O livro vai relatar os 41 anos em que o casal conviveu.

A notícia da morte foi publicada por Lívia em suas redes sociais e confirmada pela assessoria do Hospital Samaritano. Segundo ela, a cerimônia de sepultamento vai ser restrita à família.

Oito livros sobre psicanálise

Garcia-Roza nasceu em 1936, no Rio de Janeiro. Formado em filosofia e psicologia, foi professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e publicou oito livros sobre psicanálise e filosofia. Sua principal especialidade era o psicanalista austríaco Sigmund Freud (1856-1939).

Filho de uma família com 12 irmãos, ele nasceu no Rio, mas passou parte da infância e adolescência em Vitória, capital do Espírito Santo. Aos 18 anos, voltou ao Rio.

Detetive Espinosa

Apesar da sua trajetória como psicanalista, Garcia-Roza ficou conhecido mesmo escrevendo ficção policial, quando já tinha passado dos 60 anos. O autor era o "pai" do detetive Espinosa, personagem central das suas histórias.

Vários de seus livros, como o “O Silêncio da Chuva”, “Achados e Perdidos” e “Vento Sudoeste”, tinham o delegado como protagonista.

As tramas de Garcia-Roza também aconteciam sempre no mesmo lugar, em Copacabana. A delegacia onde trabalha Espinosa é no bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro.

O escritor ganhou os prêmios Nestlé de Literatura (1996) e o Jabuti (1997) com "O silêncio da chuva", seu primeiro livro de ficção.

Adaptações para o cinema

O primeiro livro de Garcia-Roza a receber adaptação para o cinema foi “Achados e Perdidos”, em 2006, dirigido por José Joffily e protagonizado por Antônio Fagundes.

Outro livro que recebeu adaptação foi “Berenice Procura”, com direção de Allan Fiterman e protagonizado por Cláudia Abreu, Caio Manhente e a modelo Valentina Sampaio.

Já a adaptação do livro “O Silêncio da Chuva” para o cinema, com direção de Daniel Filho e roteiro de Lusa Silvestre, teve as filmagens encerradas no final de 2018 e ainda aguarda a sua estreia. O filme terá como protagonista o ator Lázaro Ramos, interpretando o detetive Espinosa.

Com informações do G1