Novo filme de Maria Augusta Ramos, "Não toque em meu companheiro" estreia nas plataformas de streaming

Da mesma diretora de "O Processo", documentário conta a história de trabalhadores da Caixa que foram demitidos injustamente no governo Collor e nos apresenta um importante exemplo de solidariedade, essencial para o momento de isolamento e falta de perspectivas

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Em meio à pandemia do coronavírus, em que as pessoas estão isoladas e, muitas vezes, sem perspectivas de como reunir forças para superar o momento de crise econômica, social e política, o novo documentário da premiada cineasta Maria Augusta Ramos pode ajudar a trazer novos horizontes por conta do exemplo de solidariedade e união que nos apresenta.

"Não Toque em Meu Companheiro", que pré-estreou em fevereiro em São Paulo, durante um evento da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), estreará em diferentes plataformas de streaming no próximo dia 15 de julho.

Coordenado pela Fenae, o filme de Maria Augusta Ramos, que também dirigiu "O Processo" (2018), resgata a história até então pouco explorada de 110 empregados do banco público que foram demitidos injustamente durante o governo de Fernando Collor, em 1991, por se mobilizarem em prol de seus direitos, e dá destaque à maneira que esses trabalhadores encontraram para se segurarem diante do golpe e, ao mesmo tempo, fazerem prevalecer seus direitos.

No documentário, que mescla cenas antigas do movimento grevista bancário, pronunciamentos de Fernando Collor e manchetes de jornais da época, os trabalhadores demitidos aparecem nos dias atuais, mais de 30 anos depois do fatídico episódio, reunidos em São Paulo, Belo Horizonte e Londrina, cidades onde ocorreram as demissões.

Durante mais de um ano, toda a categoria nacional se mobilizou para doar uma pequena parte de seus salários com o intuito de amparar financeiramente os demitidos. E deu certo. A mobilização denunciando as injustiças e a retirada de direitos seguiu e, em 1992, Collor sofreu o impeachment e todos os 110 trabalhadores foram readmitidos. Tudo isso é retratado no documentário, que tem produção da NOFOCO Filmes e é licenciado pelo Canal Brasil.

Entre as rodas de conversas dos trabalhadores, o filme também mescla uma cena que se faz necessária: o discurso de Jair Bolsonaro na Assembleia Geral das Nações Unidas dizendo que o Brasil estava à beira do socialismo e que a ideologia se instaurou nas escolas e nos lares. Cena necessária, pois, carrega uma similaridade impressionante com um discurso de Collor que também é exibido no filme, dizendo que seu governo encamparia um “saneamento moral”.

Esse comparativo do passado com o presente para mudar o futuro é um aspecto que Maria Augusta Ramos faz questão de chamar a atenção. “O filme faz esse paralelo do Collor com o Bolsonaro porque é importante nos lembrarmos do que aconteceu com Collor, seu discurso, o enorme retrocesso que foi ao país, e que está se repetindo agora. A história se repete e a gente tem que olhar para impedir que fique pior”, disse a diretora em conversa com a Fórum.

“Neste momento de crise em que trabalhadores estão sendo atacados é fundamental resgatar histórias como a que uniu os empregados da Caixa em 1991. O filme mostra que se nos unirmos, venceremos todos os obstáculos que virão pela frente, conseguiremos continuar a luta pela Caixa 100% pública”, diz o presidente da Fenae, Sérgio Takemoto.

"Acho que é fundamental contar essa história nesse momento pelo qual estamos passando no Brasil e no mundo, no tocante às relações de trabalho e nesse cenário de crescente redução de direitos", completa Maria Augusta Ramos.

NetNow, Oi Play, FilmeFilme e Looke são as plataformas que exibirão a obra.

Confira a íntegra da resenha sobre o filme produzida pela Fórum aqui.

Ficha Técnica

  • Direção/Roteiro : Maria Augusta Ramos
  • Diretor de Fotografia : Diogo Lajst e José Eduardo Eduardo Pereira
  • Som : Fernando Akira, Lucas Maffini e Eder Boldieri                                    * Edição : Eva Randolph
  • Edição de Som : Rodrigo Maia Sacic
  • Mixagem : Gustavo Loureiro
  • Direção de Produção e pesquisa: Zeca Ferreira
  • Produtora : Maria Augusta Ramos
  • Produção : NOFOCO Filmes
  • Coprodução : FENAE
    Brasil / 2020 / 74min. /2K