Regina Duarte diz que não fez apologia à tortura, mas sim a um sonho de brasilidade e união

Ela afirma que tem sido “criticada à esquerda e à direita, o que me coloca numa posição intermediária dessa régua imaginária”

Regina Duarte. Foto: Reprodução
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A atriz e ex-secretária da Cultura, Regina Duarte, publica artigo no Blog de Fausto Macedo, no Estadão desta sexta-feira (22), onde afirma que não cantou marchinha da ditadura para fazer apologia à tortura, mas sim “com o sonho de brasilidade e união que venho defendendo ao longo de toda a minha vida”.

No texto, intitulado "Que classe é essa, companheiro?", ela não emite nenhum conceito nem revela plano de governo, diz apenas que foi alvo de “críticas sem juízo” cuja resposta da parte dela foi sempre a “serenidade” que, “deriva de uma paz de espírito que só pode ter quem age de acordo com sua consciência”.

Regina afirma que “ao aceitar o convite do presidente Jair Bolsonaro para ocupar a Secretaria Especial da Cultura, eu tinha plena consciência de que minha gestão seria alvo de críticas”, o que nunca a desencorajou.

Ela afirma saber que “teria que enfrentar interesses entrincheirados em ideologias cujo anacronismo não parece suficiente para sepultá-las”, mas não diz quais são estes interesses.

A atriz conta que lhe causa espanto “a total ausência de substância das sentenças condenatórias que me dirigem na praça pública das redes sociais – esse potente megafone usado por grupos organizados dentro e fora da classe artística”.

“Em vez de uma discussão franca, que seria saudável, por mais altos que fossem os decibéis, o que identifiquei foi só a ação coordenada de apedrejar uma pessoa que, há mais de meio século, vem se dedicando às artes e à dramaturgia brasileira”, diz.

A atriz diz ainda que se recusa “a responder às manifestações de desaprovação vociferadas pelos mais exaltados. Há críticas que são refratárias ao argumento racional exatamente por extrapolarem qualquer juízo. Elas vicejam apenas no terreno pantanoso da maledicência. Recuso-me a adentrar essa arena onde meus pretensos algozes se movimentam com desenvoltura”.

Ela afirma que tem sido “criticada à esquerda e à direita, o que me coloca numa posição intermediária dessa régua imaginária”.

À esquerda, segundo ela, foi quando “nos anos 80, na pele da Viúva Porcina e integrante do elenco da novela Roque Santeiro, enfrentei a censura nos primórdios da redemocratização. Fui aplaudida”.

Já à direita, para ela foi quando, “duas décadas mais tarde, não me abstive de alertar a sociedade sobre a ameaça que representaria para o País um governo de matiz notoriamente socialista. Fui vaiada”.