Taís Araújo: “Escravidão foi romantizada no Brasil e por isso as pessoas não têm vergonha disso”

Atriz considera que protestos antirracistas que se reproduziram em todo o mundo, inclusive no Brasil, “são muito importantes”, mas diz não saber se eles vão “gerar mudanças reais na sociedade”

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Em entrevista para a Folha de São Paulo, a atriz carioca Taís Araújo deu fortes declarações a respeito da questão racial no Brasil e no mundo, no contexto da série de manifestações antirracistas que vêm acontecendo nas últimas semanas, desde o brutal assassinato do afro-americano George Floyd, por obra da polícia de Minneapolis, nos Estados Unidos.

A atriz disse considerar que o problema do racismo está igualmente presente, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Porém, enfatizou que no caso brasileiro o tema está menos presente na opinião pública, e acredita que isso se deve, em parte, ao fato de que a escravidão foi romantizada no país.

“(O Brasil) romantizou o que foi bárbaro. Romantizou a nossa história a ponto de a gente não ter vergonha da escravidão no Brasil. Somos um país que não tem vergonha da nossa história de tantos anos de escravidão, de tanto sangue derramado, tantas famílias dizimadas. É muito louco como isso foi contado para gente”, comentou Taís.

Estrela de várias novelas e de filmes como “Garrincha – Estrela Solitária”, “As Filhas do Vento” e “O Roubo da Taça”, Taís Araújo defendeu as manifestações que vêm ocorrendo em todo o mundo desde o assassinato de George Floyd, principalmente nos Estados Unidos, mas também em outros países, incluindo o Brasil. Ela disse que “os protestos são muito importantes, mas ainda não é possível saber se eles vão gerar de fato mudanças na sociedade”.