Os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) não mentem. As escolas estaduais de Ensino Médio, formadas por alunos de menor nível socioeconômico e com o melhor desempenho no Ideb, são as de horário integral. Não é de hoje, já faz tempo, que o nosso saudoso Leonel Brizola já preconizava a importância do ensino em tempo integral para a educação pública ser, efetivamente, de qualidade. Para quem não lembra, quando governou o Rio, Brizola foi o criador dos Centros Integrados de Educação Pública, os CIEPs, carinhosamente conhecidos como Brizolões.
Para se ter uma ideia da importância do ensino integral, antes praticados nos CIEPs de toda a rede pública, os dados mostram que, das 100 escolas com esse perfil e com melhores resultados no Ideb de 2023, 78 são integrais. Isto é: 78% das escolas (as integrais, no caso) está bem acima dos 32,4% no total de escolas estaduais de ensino médio consideradas mais vulneráveis na classificação socioeconômica.
Conforme revelou o jornal 'Valor Econômico', o resultado é apontado em levantamento do Instituto 'Sonho Grande' com base nos dados do Censo Escolar 2023 divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Em linhas gerais, os dados mostram que o modelo integral de educação pode melhorar o aprendizado dos alunos mais pobres, alavancando a educação pública brasileira. É fundamental o nosso entendimento de que o ensino integral não beneficia só o aluno, mas também famílias e comunidades inteiras. Além da grade de ensino ter uma carga horária maior, é nestas escolas de ensino integral que o aluno faz as suas refeições. E já está mais do que comprovado que a alimentação correta é fundamental à aprendizagem.
Precisamos, com urgência, ampliar o ensino integral na rede pública do Rio de Janeiro, garantindo que a população mais vulnerável tenha acesso também a atividades extracurriculares e a ficar o dia todo em ambiente saudável, proporcionado pela rede pública. Quando eu digo, em tempos de Brizola, havia CIEPs até com aula de natação, algumas pessoas não acreditam. Mas é verdade.
Agora, infelizmente, muitos desses centros seguem sucateados ou subutilizados devido à falta de investimentos.
Educação pública integral já! Pelo legado de Brizola! Pela valorização da população mais carente! O arranque da educação brasileira depende de um maior investimento na educação integral.
Pedro Porto é um jovem defensor do trabalhismo. Formado em Relações Internacionais pela UFRJ, é membro da direção do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (IBEP) e fundador do Construindo o Amanhã (COA).
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.