Era uma vez um moço com sotaque carregado, mineiro nato, empreendedor. Vendia que subiu na vida graças ao seu esforço. Apresentava o Novo como saída para resolver os problemas de Minas Gerais. Ninguém dava bola para ele, mas foi num plano de oportunismo que a sua sorte mudou. Ele fez arminha e decolou. Agora era governador de Minas Gerais. Seria Deus acima de todos e Minas acima de tudo.
A Minas Gerais de Zema ficou só num conto de fadas. Podemos sim fazer alusão à sua real face: é o Robin Hood dos ricos. Ele tira dos pobres para dar aos amigos ricos. Foi só ele assumir, e vimos que o seu objetivo era único: favorecer os empresários e amigos, vender todas as estatais e quebrar ainda mais o estado.
Mas como um empreendedor não conseguiria gerir bem o estado? Nesse caso, devemos mudar o termo para esclarecer, ele não era empreendedor e sim herdeiro. Favoreceu-se do poder e das vantagens da sua família para perpetuar a riqueza. E assim faria com Minas Gerais.
Ele justificou que precisava aumentar o imposto da população para combater a pobreza após dar isenção de R$ 1,2 bilhão ao seu doador de campanha. E a cervejinha, o seu celular e os produtos de beleza também tiveram aumento de impostos, após conceder 300% de aumento do seu próprio salário. Chega em 2024 e ele anuncia que não teria nenhum recurso extra para o Fundo de Erradicação da Pobreza.
No seu primeiro mandato, focou todos os seus esforços em garantir que os professores do estado não recebessem o aumento que estava previsto na lei. Não era nenhum mérito pagar o que eles pediam, era obrigação por lei. Sempre justificava que não tinha dinheiro para pagar. O estado ia quebrar.
Passamos ao segundo mandato e, logo no início, ele mostrou a sua verdadeira face. Logo no início, deu isenção fiscal para as locadoras de carros, do seu amigo e conselheiro de campanha, Salim Mattar. O estado continuava não tendo dinheiro, mas para os amigos dava jeito. Achou que estava ruim? Calma, que é só o início.
Na campanha de 2018, Zema assinou em cartório que não receberia salário. Que bonita atitude. Ele não queria desperdiçar dinheiro público. Em 2023, ele assina um decreto aumentando o seu próprio salário. Mas o estado não ia quebrar?
Passamos para o principal ponto de problema de Minas Gerais: a dívida. Zema era o gestor que ia acabar com a dívida de Minas. O verbo no passado retrata bem a realidade. Ele não pagou nada, não resolveu o problema e aumentou a dívida. De acordo com a Secretaria de Estado da Fazenda, a dívida, que em janeiro de 2019 era de R$ 114 bilhões, está em R$ 165,7 bilhões, sendo R$ 156,57 bilhões com a União.
A única proposta do herdeiro é o chamado Regime de Recuperação Fiscal. Basicamente, ele adiaria o pagamento da dívida por mais cinco anos e cortaria recursos públicos em educação, saúde, cultura, congelaria salários de funcionários públicos e faria muitas outras ações para, no fim, aumentar ainda mais a dívida. A sua solução era o povo pagar o pato e não resolver nada.
Foi após muita luta que derrotamos essa proposta absurda. Mesmo assim, em um decreto autoritário e antidemocrático, Zema quer limitar as despesas do estado em áreas prioritárias como saúde, educação, segurança, infraestrutura e programas sociais. Ele quer implementar o teto de gastos sem autorização da Assembleia de Minas Gerais. Aquele personagem simpático vem mostrando a sua face cada vez mais ditatorial e déspota. Aguardamos os próximos episódios. Não vamos desistir de Minas Gerais e do nosso povo. Não queremos conto de fadas, muito menos falsos profetas. Queremos quem vai fazer pelo povo e governar para o povo.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum
**Leleco Pimentel é deputado estadual (PT-MG)