MOVIMENTOS

A história de uma foto emblemática de Boulos, novo ministro de Lula

Uma imagem que retrata a violência do despejo e a força dos movimentos de moradia

Créditos: Reprodução
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Essa foto eu posso falar com bastante propriedade porque aconteceu no distrito onde moro. Cerca de 2 mil pessoas estavam sendo despejadas violentamente de suas casas.

Janeiro de 2017, São Mateus, SP.

Há décadas num terreno abandonado, já com casas de alvenaria, a população foi pega de surpresa, às 6 hrs da manhã, com viaturas e caminhões da PM na região.

O local não tinha ligações com o MTST, mas o movimento já era forte na cidade e Boulos foi chamado por lideranças da comunidade para tentar impedir o despejo. Prontamente, ele se dispôs a ajudar e atravessou a cidade, do Campo Limpo até o extremo-leste, 7 hrs da manhã. Eduardo Suplicy também esteve lá.

Assim como TODAS as periferias, ali era uma ocupação. A ausência histórica de uma reforma agrária no Brasil resultou na urbanização desordenada, com trabalhadores migrando em massa do campo para as cidades (êxodo rural). Sem condições financeiras, foram construindo as suas casas em terrenos abandonados da burguesia, resultando no que chamamos hoje de "favela", ou "quebrada", em SP. O Jardim Pantanal, um dos bairros mais pobres de SP, por exemplo, onde moram 30 mil pessoas, é uma propriedade do Itaú.

Quando Boulos chegou, a própria população já tinha feito uma barricada. Advogados do MTST tentaram acionar a justiça para impedir o despejo, sem sucesso.

No final, a PM massacrou os moradores, destruiu as casas, prendeu Boulos por acusação infundada de desobediência civil (foi solto por ausência de provas) e milhares de pessoas, até mesmo crianças e idosos, foram morar nas ruas, em mais um crime social protagonizado pelo Estado e sua elite dominante.

 

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