A São Paulo que quero ter: o que penso das prioridades na capital e da engenharia nas eleições, por José Manoel Ferreira Gonçalves

Todas essas ocorrências inexplicáveis na cidade mais rica do Brasil seriam melhor equacionadas com a presença efetiva da engenharia no debate público.

Foto: Governo do Estado de São Paulo.
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Por José Manoel Ferreira Gonçalves *

Toda a sociedade civil deve opinar e participar dos debates sobre as eleições majoritárias. À engenharia, que tanto contribui com os rumos do país, cabe exercer, de maneira contundente, essa participação e posicionamento. 

Eleições são oportunidades de pensarmos sobre desenvolvimento, melhoria em indicadores sociais, democracia.

As lideranças da engenharia precisam levar a público e à classe política as demandas e inquietações que afetam a categoria e a população de forma geral.

São Paulo é uma cidade de grandes desafios, que precisa de mais inclusão social, projetos de habitação e mobilidade. A São Paulo que grita precisa conversar com a São Paulo que sofre em silêncio. A engenharia pode e deve ser essa ponte entre as duas cidades.

São Paulo é, enfim, a cidade que pode impulsionar a engenharia. Basta andar pela metrópole para perceber o quanto a engenharia e o CREA-SP precisam estar presentes para reforçar, junto ao poder público e privado, a necessidade de se valorizar os grandes projetos e as pequenas obras que vão acelerar o bem-estar da população.

A falta de medidas efetivas contra as enchentes, a perene poluição dos rios Tietê e Pinheiros, a dificuldade de atendimento à população na rede municipal de Saúde, a falta de prioridade com aos problemas habitacionais que, na conjuntura de crise em que vivemos, se torna ainda mais visível com o aumento da população de rua.

Destaco também os corredores de ônibus que, embora acelere a velocidade do transporte coletivo, por outro lado, secciona a cidade, traz problemas para o comércio, pois trata-se de uma solução paliativa. Por isso precisamos aumentar o transporte sobre trilhos. Não é o que ocorre hoje, com as intermináveis obras do monotrilho, a falta de integração entre os modais de transporte e soluções que ficam pelo meio do caminho, como o trem até o aeroporto de Guarulhos.

Todas essas ocorrências inexplicáveis na cidade mais rica do Brasil seriam melhor equacionadas com a presença efetiva da engenharia no debate público.

Sonhamos com um Brasil novo, moderno, conectado, veloz e sustentável.  Uma metrópole como São Paulo pode ser um laboratório para novas ideias e projetos que nos ajudem a definir o quão real pode ser esse sonho de país.  E a engenharia, sem dúvida, pode protagonizar essa transformação da cidade junto com o poder público e privado.

*José Manoel Ferreira Gonçalves é engenheiro, jornalista, advogado, professor doutor, pós-graduado em Ciência Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, integrante do Engenheiros pela Democracia e presidente da Ferrofrente.

**Este artigo não refletenecessariamente, a opinião da Revista Fórum.