Domingo eu voto pela vida das mulheres, por Simone Nascimento

Não é um descuido, ou acaso, Bruno Covas ter como candidato a vice-prefeito um homem denunciado por violência doméstica. Ricardo Nunes (MDB) também é investigado em escândalo de superfaturamento de aluguéis de creches conveniadas na cidade, outra forma de violência contra mulheres.

Foto: Sindicato dos Químicos.
Escrito en DEBATES el

Por Simone Nascimento *

Neste 25 de novembro, Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher, que em diversos países abre os 16 dias de ativismo contra a violência de gênero - e às vésperas das eleições na maior capital da América Latina, não podia deixar de escrever sobre como nossas vidas podem ser ameaçadas também por nossas escolhas políticas.

Em Pirituba, distrito da Zona Noroeste da cidade, onde nasci e me criei, temos o mais alto índice de feminicídios de São Paulo. E isso não é culpa somente dos homens agressores e feminicidas, mas também da falta de políticas públicas, equipamentos da rede de apoio, falta de compromisso do poder público com nossas vidas e o enfrentamento à misoginia que estrutura a nossa sociedade.

Não é um descuido, ou acaso, Bruno Covas ter como candidato a vice-prefeito um homem denunciado por violência doméstica. Ricardo Nunes (MDB) também é investigado em escândalo de superfaturamento de aluguéis de creches conveniadas na cidade, outra forma de violência contra mulheres que dependem desse direito para poderem deixar seus filhos em segurança para trabalhar e que esperam anos na fila por falta de vagas.

Covas é parte da gestão que transformou a Secretaria de Políticas para Mulheres em uma coordenadoria quase sem orçamento. Fechou equipamentos de atendimento às vítimas de violência de gênero e extinguiu a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. Isso afeta diretamente nós, mulheres negras. Somos 68% das vítimas de feminicídio, 73% das de violência sexual e também maioria das vítimas de violência doméstica. Não é à toa que no Brasil os dias de ativismo contra a violência de gênero são 21 e começam no Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro.

Em meio à pandemia, já com o comprovado aumento das denúncias, o governador João Doria, de quem Bruno Covas foi vice, tentou fechar o serviço de atendimento às vítimas de estupro com direito ao aborto (previsto em lei) do Hospital Pérola Byington, onde mais da metade das atendidas têm até 14 anos. A gestão Doria-Covas também fechou o serviço de aborto legalizado do Hospital do Jabaquara, o primeiro serviço do tipo criado na cidade quando Luiza Erundina era prefeita.

É disso que falamos quando dizemos que é preciso mudar radicalmente São Paulo, governada há quase 20 anos pelos tucanos. E é por isso que estamos às vésperas de uma virada histórica neste dia 29, quando a melhor prefeita que São Paulo já teve vai voltar a governar a cidade junto com Guilherme Boulos (PSOL). Seja parte da reta final dessa campanha-movimento. Se puder, venha com a gente para a rua virar votos. Se não puder sair de casa, use as redes sociais e o zap e ajude a transformar São Paulo na capital da esperança e da derrota do bolsonarismo.

*Simone Nascimento é jornalista, integrante da coordenação estadual do Movimento Negro Unificado em São Paulo e do RUA – Juventude Anticapitalista.

**Este artigo não refletenecessariamente, a opinião da Revista Fórum.