Fundações partidárias propõem alternativas à política econômica neoliberal e recessiva de Bolsonaro

O documento é assinado pelas fundações partidárias que integram o Observatório da Democracia

Foto: Lula Marques
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Um dos eixos centrais do manifesto Em defesa da vida, da democracia e do emprego, lançado nesta quarta-feira (2), por sete fundações ligadas a partidos do campo progressista é a crítica ao modelo econômico ultraneoliberal e de ortodoxia fiscal do governo Bolsonaro. Como alternativa, o manifesto defende, por exemplo, a manutenção, até o final da pandemia da Covid-19, das medidas econômicas emergenciais, principalmente o benefício de emergência sanitária de R$ 600, e a criação de um programa de apoio aos trabalhadores com carteira assinada que tiverem sua jornada de trabalho e salários reduzidos ou seu contrato suspenso, também até o final da pandemia.

Além disso, a elaboração de um programa que estimule a criação de novos postos de trabalho, com contratação por seis meses, para desempregados que não estejam recebendo seguro-desemprego, priorizando aqueles que se encontram em situação de maior vulnerabilidade econômica e social. O documento é assinado pelas fundações partidárias que integram o Observatório da Democracia: Perseu Abramo (FPA/PT); Lauro Campos/Marielle Franco, (FLCMF/PsoL); João Mangabeira (FJM/PSB); Leonel Brizola/Alberto Pasqualini (FLBAP/PDT); Maurício Grabois (FMG/PCdoB); Ordem Social, (FOS/Pros); e Cláudio Campos(FCC).

Durante o lançante do manifesto, o deputado federal Paulo Teixeira afirmou que o governo Bolsonaro “ liberou um trilhão para os bancos e ínfimos e tardios recursos para as pequenas empresas que empregam milhões de trabalhadores”. Para ele, o único acerto do governo Bolsonaro não foi dele, mas do Congresso, ao exigir e aprovar o auxílio emergencial de R$ 1,2 mil.

No mesmo sentido, o presente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, disse que
não há saída para a crise com a visão de estado mínimo neoliberal do governo Bolsonaro . Para ele, a solução da crise passa por um projeto com maior justiça tributária, como a criação de imposto sobre fortunas, “como a Argentina está fazendo”, sobre grandes heranças, sobre lucros e dividendos, sobre juros de capital próprio e sobre o imposto territorial rural, que atingem diretamente os mais ricos. “Por isso, somos frontalmente contra esse governo e essa política fiscal”, afirmou.

Mercadante também avaliou que a visão negacionista e obscurantista do governo, que não providenciou testagem, não coordenou o SUS, não estimulou o distanciamento social agravou a crise sanitária, política e econômica. “Estamos dizendo com este manifesto que os partidos de esquerda têm história. Nossas bancadas têm agido de forma unitária em relação aos desafios. As únicas respostas eficientes são resultado das bancadas desses partidos que estão aqui”, explicitou, mencionando a aprovação do auxílio emergencial como uma vitória da oposição.

“Se com R$ 251 bi destinados ao auxílio emergencial, estamos com queda de 12,5% no PIB, para onde iremos retirando esse instrumento se a pandemia nem está controlada”, questionou. Mercadante ainda defendeu que é preciso garantir o Bolsa Família de R$ 600, criar empregos emergenciais no serviço público, garantir água e luz durante a pandemia, sem cortes e gás subsidiado por preço de custo.

“Se tivermos medidas emergenciais e apoiarmos a reforma tributária que os partidos de oposição já aprestaram no Congresso, apoiada pelos nove governadores do consórcio do Nordeste, nós termos a condição de sair dessa crise com um país mais generoso, mais solidário, um país que protege os desfavorecidos e combate à pobreza”, concluiu.

Confira o texto completo do manifesto aqui.