Loop de horrores: Padre extremista recebe homenagem da Câmara de Cruzeiro (SP)

A cidade de Cruzeiro, interior de São Paulo, virou notícia no último dia 6 de setembro por conta do terror psicológico impetrado por um sacerdote católico local

Imagem: Redes sociais
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Por Idealina Fernandes

A cidade de Cruzeiro, interior do estado de São Paulo, virou notícia no último dia 6 de setembro por conta do terror psicológico impetrado por um padre local, que convocava os fiéis para as manifestações antidemocráticas pró-Bolsonaro de 7 de setembro, utilizando argumentos absurdos e mentirosos.

A publicação repercutiu e levou o pároco a excluir suas contas nas redes sociais. Não bastasse tal absurdo, a Câmara Municipal de Cruzeiro, na sessão realizada na noite desta quarta-feira (8) realizou uma sessão de apoio ao pároco, com adesão unânime dos vereadores, que apoiaram diretamente sua atitude antidemocrática.

Tal ato dos parlamentares cruzeirenses, que não se configura num ato isolado, impõe alguns questionamentos:

1) Uma câmara de vereadores não era para ser uma instituição social a serviço do povo?

2) Vereadores eleitos democraticamente não deveriam estar a serviço do Estado Democrático de Direito?

3) Apoio a movimentos antidemocráticos é liberdade de expressão?

4) Os vereadores sabem o que é liberdade de expressão?

Os questionamentos acima demonstram a total incoerência e despreparo dos vereadores locais e ainda fazem coro e endossam à falácia que assombra o imaginário popular, tão famosa na Guerra Fria, a tal ameaça comunista, proferida fervorosamente pelo sacerdote, que assim como os vereadores, acreditam terem acordado na Cruzeiro dos tempos de Hermogêneo Fernandes, um dos nove delegados que fundaram o Partido Comunista Brasileiro.

Esses vereadores, a menos de nove meses na função, já demonstram a que vieram na cerimônia de posse, quase confundindo-nos com um culto religioso, passando longe da tão sonhada proposta republicana da laicidade do Estado. Além de propostas que não respeitam a diversidade, meio ambiente e a percepção sociológica do conceito de família, ainda buscam incitar a população contra as instituições municipais. O referido episódio seria cômico senão fosse trágico, pois, certo edil, em suas redes sociais, incitou a população contra o museu local, por promover um bate-papo on-line sobre Marx, com a participação de uma professora da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Essa monção de apoio ao padre evidencia o perigo em que coloca os cruzeirenses o poder Legislativo, pois declaradamente apoia medidas fascistas e intolerantes travestidas de liberdade de expressão.

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum