O paraíso de Guedes é a miséria do povo brasileiro – Por José Guimarães

O povo está cansado de tanta maldade. Paulo Guedes burlou regras de conduta da administração pública e fez valer sua insana sede de enriquecimento

Paulo Guedes (Foto: UGEIRM /Reprodução)
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Por José Guimarães*

A natureza cruel e desumana do programa neoliberal de Paulo Guedes está cada vez mais evidente. A recente descoberta de offshore milionária em paraíso fiscal só reforça a tese de que o ministro e o governo Bolsonaro conduzem uma política monetária que favorece o sistema financeiro, negligencia milhões de brasileiros e aprofunda brutalmente o abismo da desigualdade social.

Com 14 milhões de desempregados, o Brasil já acumula uma inflação de dois dígitos que acentua a carestia. Com gasolina custando R$ 7 o litro e gás de cozinha chegando a R$ 115, o brasileiro sente no bolso o peso da desvalorização do real frente ao dólar. Péssimo para os mais pobres, ótimo para Guedes, que vê sua fortuna engordar com a apreciação da moeda americana.

Enquanto Paulo Guedes enriquece com o aumento da desigualdade, o brasileiro amarga o menor consumo de carne vermelha em 26 anos. A alimentação à base de ovos e salsichas dispara entre os que conseguem comer, ante os 19,1 milhões que passam fome. Já são 27 milhões de mulheres e homens abaixo da linha da pobreza. Ter um ministro que lucra com o sofrimento dos brasileiros não é apenas um tremendo deboche, é também uma verdadeira tragédia humanitária.

Guedes e os super-ricos acumulam fortunas, enquanto o Brasil volta ao Mapa da Fome. Em poucos anos de governo Bolsonaro, a fila do Bolsa Família já passou de 2 milhões de desprovidos do benefício e atingiu em cheio a população do Nordeste, que teve um aumento de 25% das famílias em espera apenas entre fevereiro e julho deste ano.

À frente do Ministério da Economia, Paulo Guedes pode ter lucrado mais de R$ 16 milhões com a desvalorização do real em relação ao dólar. Em um governo sério, ele já teria sido demitido do cargo de ministro da Economia. O monstro neoliberal já chegou a defender publicamente a não taxação de paraísos fiscais nos debates da reforma do Imposto de Renda, pois já sabia que sua fortuna seria afetada negativamente.

O conflito de interesse é evidente, antiético e imoral. Ciente da instabilidade econômico-política que ele mesmo provoca, Guedes esqueceu a impessoalidade necessária para o cargo que ocupa e mandou seu dinheiro para o exterior, pois ele próprio não confia nos rumos que o governo Bolsonaro está dando ao Brasil. O ministro tem muito o que explicar e, não à toa, a sua convocação para prestar esclarecimentos na Câmara foi aprovada com a ampla maioria de 310 votos.

O povo está cansado de tanta maldade. Paulo Guedes burlou regras de conduta da administração pública e fez valer sua insana sede de enriquecimento. Ganhar dinheiro em cima da dor de um povo que peleja para continuar sobrevivendo é natural daqueles que ocupam cargos públicos para representar setores minoritários que vivem de costas para os mais pobres.

O ministro se diz indignado com as denúncias dos últimos dias, mas não sente o mesmo desconforto pelos 19 milhões que passam fome no Brasil. Ao contrário, atua diretamente para turbinar seu delírio reformista com mudanças negativas para os trabalhadores. Guedes e Bolsonaro são alimentados pelo sofrimento do povo e têm sede de poder. São capazes de afundar o Brasil na miséria desde que suas fortunas estejam protegidas e continuem crescendo às custas da penúria de homens e mulheres.

Aos pobres, carcaça de peixe, ossos e miserabilidade. A Paulo Guedes, sonegação, concentração de riqueza e aposta contra a moeda nacional. Enquanto essa for a política monetária, estaremos fadados ao desastre econômico expresso na queda abrupta da qualidade de vida dos brasileiros. Precisamos pressionar pela queda do ministro sonegador e continuar a luta pelo impeachment do presidente. O Brasil não aguenta mais um ano de tanta crueldade! Bolsonaro precisa cair e levar consigo essa corja que aposta na destruição do país.

*José Guimarães (PT-CE) é vice-líder da Minoria na Câmara dos Deputados.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum.