Sergio Fernando Moro: a memória às vezes se parece demasiado com o esquecimento, por Marcos Danhoni

Moro condenou Lula por “atos indeterminados”, pois foi incompetente em encontrar alguma prova consistente, a menos daquelas obtidas por deduragens-cheias-de-prêmios

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
Escrito en POLÍTICA el
Por Marcos Cesar Danhoni Neves* “Publicamos para não passar a vida a corrigir rascunhos. Quer dizer, a gente publica um livro para livrar-se dele“ (Jorge Luis Borges) Escrevo essas bem traçadas linhas sob a égide de um dos meus mais prediletos escritores: o argentino Jorge Luis Borges. Mudaria, porém, seu pensamento para adaptá-lo ao que escreverei e transcreverei nos próximos parágrafos: “Publico para não passar a vida a corrigir rascunhos. Quero dizer que eu publico um texto para livrar-me dele”.

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Desde o golpe 2016 escrevo com uma frequência como nunca tinha feito antes (quase um artigo semanal em sites e blogs de esquerda; além de meus textos sobre ciência, epistemologia e educação científica). Projetei reunir todo este material e lançar um livro no final do ano (projeto já em andamento!). Porém, a divulgação pelo Intercept das razões incestuosas entre Moro e Dallagnol e, na verdade, sobre a promiscuidade entre a 13ª Vara, TRF-4, Globo, STF etc., levou-me a consultar meus velhos textos e tentar sequenciar suas partes principais num discurso não somente lógico, mas que prenunciava o que Glenn Greenwald revelaria no fatídico dia 9 de junho. Apoiando-me novamente em Borges: “Mi memoria a veces se parece demasiado al olvido” (“minha memória às vezes se parece demasiado com o esquecimento”), não desejo me perder na ausência de memória que nos caracteriza. Vamos ao texto: Sergio Moro nunca trabalhou com “a verdade como mercadoria”. Criou uma similaridade com a operação Mani Pulite (“Mãos Limpas”) do promotor Antonio di Pietro, que destruiu a classe política italiana de uma forma que permitiu a sucessão de um governo estável pelos dez anos posteriores com um mafioso como Berlusconi no poder. Dez longos e doloridos anos, que mergulharam a Itália numa crise da qual ela ainda não saiu: política, econômica, social e judiciária. O próprio Antonio di Pietro, cego pela ambição política e por ter-se tornado um promotor pop-star, adentrou na política e nela se enterrou com posteriores acusações contra si por subtração de fundos destinados ao seu partido e por enriquecimento ilícito (em https://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-artigo-sobre-delacao-que-moro-traduziu-prega-o-oposto-do-que-faz-a-lava-jato-por-marcos-danhoni/ , de 22 de novembro de 2016). Alisando os discursos de Dallagnol, notamos claramente a carga de preconceito que o fez construir uma “doutrina” de nome exótico, o “explanacionismo”, para obter a condenação de um acusado sem prova de crime. Chega a usar de forma cosmética uma teoria de probabilidade – o bayesianismo – que ele nem sequer conhece, ao defender a relativização do conceito de prova: vale seu auto-de-fé a qualquer materialidade de prova, corrompendo os princípios basilares do Direito. Como meu aluno, ou candidato a uma banca de defesa, eu também o teria reprovado: apressado, superficial e sem argumentação lógica. Resumindo: Dallagnol e Moro ainda vestem fraldas na ciência do Direito. São guiados por preconceitos e pela cegueira da política sobre o Jurídico (em https://revistaforum.com.br/superficiais-e-mediocres-professor-e-pesquisador-conta-por-que-reprovaria-dupla-moro-e-dallagnol/ , de 20 de julho de 2017). Infelizmente, estes dois personagens [Moro e Dallagnol] de nossa República contemporânea seriam reprovados em qualquer universidade séria, por apresentar teses tão esdrúxulas, pouco argumentativas e vazias de provas. Mas a “Justiça” brasileira está arquitetada sobre o princípio da incompetência, da vilania e do desprezo à democracia. Neste contexto, Moro e Dallagnol se consagram como “heróis” de papel, que ficariam muito bem sob a custódia de um Mussolini ou de Roland Freisler, que era o presidente do Volksgerichtshof, o Tribunal Popular da Alemanha nazista. Estamos sob o domínio do medo e do neo-integralismo brasileiro. (em https://www.conversaafiada.com.br/brasil/o-diploma-tabajara-do-moro , de 24 de julho de 2017. Nada como comparar a crítica de Voltaire ao julgamento do TRF-4 com a soberba de três juízes [Gebran, Paulsen e Laus] que, ao final, combinaram veredictos e a matemática dosimétrica da pena para que não caísse na prescrição e, assim, pudesse corrigir o “erro de Moro” que perderia a chance de prender Lula (em https://www.diariodocentrodomundo.com.br/dos-apequenados-e-dos-microbios-uma-digressao-sobre-o-judiciario-por-marcos-danhoni/ , de 31 de janeiro de 2018). O resto é História já conhecida … Moro torna-se professor (sem dedicação exclusiva) do Departamento de Direito da UFPR, em Curitiba, em 2007. [Seu] pai ainda teve o “orgulho” de ver o filho pródigo participar do “Program of Instruction for Lawyers” na “Harvard Law School” em julho de 1998. Este curso de atualização (em sentido extensionista) seria o primeiro degrau para quase dez anos depois, em 2007, Moro participar do “International Visitors Program”, organizado pelo Departamento de Estado norte-americano, com visitas a agências e instituições dos EUA encarregadas da prevenção e do combate à lavagem de dinheiro. Esse treinamento garantirá a conversão total de Moro no destruidor dos baluartes de nossa frágil democracia. É neste momento que Moro encontrará o “mapa da mina” para destruir Lula, Dilma e o PT, usando estratagemas da lei, numa política aberta de “Lawfare” (perseguição política usando hermenêuticas relativistas da Justiça e da Constituição), honrando o pai Dalton e replicando toda sua educação baseada no patriarcalismo. Perdeu sua mãe, que, timidamente, tentou romper o conservadorismo sufocante daquele que nasceu e havia se criado na Reaçolândia de Ponta Grossa! Os laços de família, sempre comandados pelo patriarca, parira um Juiz que destruiria não somente as bases da República e da democracia brasileira, mas, sobretudo, sua pujante indústria petrolífera, naval, nuclear e de engenharia civil, minando o futuro da Nação. Cumpre-se, pois, a promessa de Moro ao pai agonizante: destruíra as conquistas da esquerda, mesmo que para isso tivesse jogado no lixo toda a população brasileira e seus anseios de um país soberano… (em https://www.pragmatismopolitico.com.br/2018/02/perseguicao-de-moro-a-lula-familia.html , de 19 de fevereiro de 2018). [Um dos títulos de meu artigo] cita o clássico “Ratos e Homens”, do Prêmio Nobel de Literatura, John Steinbeck. Neste romance excepcional, o homem é Lennie, um personagem que trata uma criança como seus ratos de estimação e que acaba matando-a! Tal qual a história de Steinbeck, Sergio Moro é o homem descerebrado, que ainda brinca com seus brinquedos de infância, infantilizando a Nação brasileira e guardando seu “prêmio”, no caso, Lula, como um rato em sua gaiolinha predileta… Porém, o que Steinbeck nos explica é que o homem é o rato, e seu brinquedo é a forma para denunciar, a todos, que o doente mental é aquele preso em sua eterna auto-cela de infantilidade e imbecilidade. Moro, achando-se homem, especialmente devido aos prêmios forjados da Globo e IstoÉ, no Brasil, e de um “MAN OF THE YEAR” (que ele não sabe pronunciar em inglês) de sociedades comerciais norte-americanas, que estão comprando as empresas públicas brasileiras, nos Estados Unidos, reduziu-se àquilo que ele nunca esperava: um rato… um ser desprezível para o Direito no Brasil e no mundo. (em https://revistaforum.com.br/sobre-ratos-e-homens-a-republiqueta-judiciaria-de-curitiba-e-os-casos-patologicos-de-uma-nacao-enferma/ , de 27 de abril de 2018). “Ao mentir, omitir e tergiversar com seu currículo, Moro parece estar dando um recado: ‘atualizei meu [currículo] Lattes para poder deixar o Brasil: mais corrupto, mais ausente de Leis, porém, com o ‘dever’ cumprido de ter destruído dois ex-presidentes e os condenado sem provas e ter descido ao último círculo do Inferno de Dante: aquele destinado à morada da própria Besta sulfurosa em companhia dos traidores … dos traidores da Pátria’ …” (em http://bemblogado.com.br/site/as-mentiras-e-omissoes-de-sergio-moro-uma-analise-de-seu-curriculo-lattes-e-das-novas-intencoes-do-juiz/, de 10 de julho de 2018). Outra coisa que é muito interessante, é ver que em todos os membros da camarilha de Curitiba-Porto Alegre, vige uma preocupação “acadêmica”, incluindo aí o orientador de mestrado de Gebran e Moro, Clemeson Cleve, das nomeações ao STF. Sim! Isso revela um projeto de poder transversal: destruir a esquerda e chegar ao poder para lá transformar o país inteiro numa Ditadura Judiciária. Quando da morte (ou assassinato) de Teori, jornais do PIG do Paraná logo se arvoraram em colocar como um “bom” substituto Sergio Moro! Gebran Neto cita dois trabalhos relacionados a esse tema. Digno de nota é o orientador de doutorado de Moro, Marçal Justen Filho, que é colunista do PIG “Gazeta do Povo”, afirmar que: “Pode ser que a Petrobras sobreviva, mas ela vai ser bem menor do que era”. Estarrecedor como o plano de destruição do Brasil como Nação implica poucos nomes numa estrutura de camarilha e camorrismo (em https://revistaforum.com.br/a-camarilha-de-moro-o-nascimento-de-nossa-camorra-judiciaria-e-os-homens-do-neofascismo-brasileiro/, de 12 de julho de 2018). Moro, Dallagnol, Laus, Paulsen, Gebran, Thompson Flores, Dodge, Lima, Fuchs, Barroso, Moraes et catrefa não passam de golpistas, que hoje perpetrariam os mesmos crimes que destruíram o poder decisório e de arbitragem da ONU. Nunca me esqueço, pois vivia na Itália durante o período de desintegração da ex-Yugolsávia, quando os capacetes azuis da ONU tiveram que recuar mediante um acordo que não foi cumprido por bósnios, e foi perpetrado o massacre de Srebrenica, assassinando diante de vales comuns quase nove mil inocentes sob as ordens dos generais Mladic e Karadzisky (julgados culpados pelo Tribunal Internacional de Haia). O mesmo fato, quando há décadas antes foi perpetrado o massacre de Sabra e Chatilla no Líbano, com o Exército criminoso de Ariel Sharon exterminando com bombas de gás e fuzilamentos sumários cerca de quatro mil civis! É este o estado de carnificina jurídica que defendem estes juízes, promotores e procuradores que deveriam zelar pela Lei! Escolheram o arbítrio, o golpe e o fascismo como seus currículos! Pois que vivam com eles! (em https://revistaforum.com.br/marcos-cesar-danhoni-neves-dos-insetos-da-justica-brasileira/, de 21 de agosto de 2018). Moro e sua troupe, incluindo aí, seu braço extremo-direito Deltan Dallagnol (que ganha dinheiro revendendo apartamentos do Minha Casa Minha Vida, com palestras e outros desvios mais), a juíza Carolina Lebbos (que se regozija em proibir visitas ilustres ao Presidente Lula, como, p.ex. Adolfo Pérez Esquivel, Mino Carta, Fernando Morais, Leonardo Boff, entre tantos outros) etc., formam seu bunker na Republiqueta de Curitiba, endossando os atos fascistas, que poderão levar Bolsonaro ao poder e ao delírio nazifascista que nos liquidará como República democrática. A Marcha da Insanidade prossegue a passos largos ao comando implacável de Sergio Feissler Bolsonaro Moro e seus asseclas. Mas poderemos detê-los! Nossas armas, por enquanto, são as urnas do próximo domingo. Mas se as trevas do nazismo cobrirem o país, aí talvez Robespierre tenha muito a dizer! (em http://redept.org/blogosfera/index.php/2018/10/05/marcos-danhoni-sergio-feissler-bolsonaro-moro-o-juiz-do-novo-brasil-nazifascista/, de 5 de outubro de 2018). É inevitável constatar que Sérgio Moro mentiu, prevaricou, manipulou e cooptou provas e testemunhas! E não sou somente eu a ter chegado à esta conclusão! Antes de mim, eminentes juristas, advogados, desembargadores e mesmo a ONU provaram o caráter persecutório e injusto de uma condenação sem prova alguma. Moro sabe somente conspirar! O plano de prender Lula e o inviabilizá-lo eleitoralmente, assim como todos os vazamentos seletivos que contribuíram para o golpe que derrubou a legítima presidenta do Brasil, Dilma Roussef, atestam o caráter conspiratório desta lúgubre figura da finada República Democrática brasileira. (em https://revistaforum.com.br/marcos-cesar-danhoni-neves-as-referencias-de-moro-ou-de-como-o-fascismo-devora-a-si-proprio/, de 14 de novembro de 2018). Moro condenou Lula por “atos indeterminados”, pois foi incompetente em encontrar alguma prova consistente, a menos daquelas obtidas por deduragens-cheias-de-prêmios (deduragens pagas com o fruto do roubo do dinheiro público, como revelou o sempre fiel informante de Moro, Youssef). Moro pensa, ao ter trocado o Ministério Público pelos holofotes do Ministério da Justiça, ter dado o grande golpe de mestre como Benito Mussolini havia feito na distante Itália da década de 20 do século passado! Mas, tal qual Il Duce fascista, cairá fragorosamente quando o verniz de sua pobre verve tiver sido dissolvido pela acidez das descobertas de seus crimes. Quando isso acontecer ele e sua troupe de milicianos judiciários serão varridos para sempre do panteão de nossa democracia, para estampar as páginas da história dos grandes crimes conspiratórios contra a nação brasileira. Quem viver, verá! Delenda fascisti!!!” (de https://revistaforum.com.br/marcos-cesar-danhoni-neves-sergio-moro-um-neomiliciano-no-sequestro-da-justica/, em 04 de fevereiro de 2019). *Marcos Cesar Danhoni Neves é professor titular da Universidade Estadual de Maringá e autor do livro “O Labirinto do Conhecimento”, entre outras obras
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.