Pedro Abramovay: Maconha mata neurônios?

Fico impressionado com a força desse mito.

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Do Facebook do Pedro Abramovay* Esses dias eu conversava numa festa com um amigo bem informado e ele me disse: "mas, Pedro, está provado que maconha mata neurônios". Eu fico impressionado com a força desse mito. E vou colocar aqui dois artigos excelentes do Fabrício Pamplona sobre o tema. O primeiro é justamente pra destruir o mito de que maconha mata neurônios. Essa lenda é baseada, ele explica, em um estudo completamente furado encomendado pelo então governador Ronald Reagan para provar que a maconha fazia mal. Basicamente os cientistas fizeram 3 macacos ingerirem o equivalente a 60 baseados em cinco minutos todos os dias. Todos os macacos morreram depois de 90 dias. E tiveram neurônios destruídos. Hoje, já se sabe que não foi a maconha que causou a morte dos macacos e de seus neurônios. Mas o monóxido da dose colossal de fumaça. Nunca mais outro estudo chegou à conclusão de que maconha mata neurônios. Mas o mito segue vivo. O que só mostra a força da ideologia da Guerra às Drogas para espalhar mentiras. Mas o Fabrício fez outro artigo sobre os danos causados pela Cannabis. Quase todas as substâncias que a gente ingere causa danos. Certamente não é diferente com a maconha. Ele mostra como tudo indica que uso na adolescência é prejudicial e os efeitos em que faz um uso constante e por longo tempo. Na minha opinião, a regulação da maconha ajudaria a fazer com que o debate sobre os danos e uso responsável da substância pudesse ser feita de forma séria. Espero que não demore tanto pra esse dia chegar. *Advogado, formado em direito pela Universidade de São Paulo e mestre em direito pela Universidade de Brasília. Foi Assessor Jurídico da Liderança do governo no Senado Federal (2003-2004), Assessor Especial do Ministro da Justiça (2004-2006), Secretário de Assuntos Legislativos (2007-2010) e Secretário Nacional de Justiça (2010), Professor da FGV Direito Rio (2011-2013) e Diretor de Campanhas da Avaaz (2012-2013). Atualmente é Diretor para a América Latina da Open Society Foundations.