Jovem negro denuncia tortura e agressão de seguranças de mercado em Maceió (AL)

Seguranças do mercado GBarbosa teriam espancado e colocado um saco na cabeça de um jovem de 19 anos para que ele admitisse ter roubado celulares; jovem estava com dinheiro no bolso para comprar aparelho

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Apenas dois dias após o caso do brutal assassinato de João Alberto Silveira Freitas, homem negro que morreu após ser espancado por seguranças de uma loja do Carrefour em Porto Alegre (RS), um jovem negro de 19 anos denunciou à polícia ter sido agredido e torturado por seguranças de uma loja do supermercado GBarbosa, em Maceió (AL).

O rapaz, que não revelou o nome à imprensa por temer represálias, registrou um boletim de ocorrência contra o supermercado na tarde de domingo (22), logo após ter sofrido as agressões que denunciou, e passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) da capital alagoana.

Segundo consta no depoimento dado à polícia, o jovem teria ido ao supermercado no bairro do Tabuleiro do Martins para comprar um celular com parte do dinheiro que teria sacado do auxílio emergencial recebido através da Caixa Econômica Federal. Logo que pegou um aparelho na mão, teria sido abordado de forma violenta por um homem que se dizia policial e levado para uma sala do estabelecimento.

"Relata a vítima que no dia de hoje foi ao GBarbosa/Ferinha do Tabuleiro para comprar um celular, quando estava olhando o celular, chegou um homem dizendo-se ser policial e o levou para uma sala, que lá agrediu o mesmo fisicamente, filmaram ele e mandaram ele dizer que tinha furtado um celular no GBarbosa, que a vítima com medo de sofrer mais agressões confessou que foi ele", diz o boletim de ocorrência.

Ao portal G1, o rapaz contou ainda que o segurança teria o torturado colocando um saco em sua cabeça.

A vítima deixou o supermercado após a chegada da Polícia Militar, que não constatou qualquer crime por parte do rapaz. O caso agora é investigado pela Polícia Civil.

Ao portal UOL, Basile Christopoulos, advogado que defende o jovem, informou que pedirá imagens das câmeras de segurança do estabelecimento e que acionará órgãos como o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para denunciar o crime, além de cobrar a Polícia Civil pelo andamento das investigações.

O supermercado GBarbosa, por sua vez, ainda não se manifestou sobre o caso. Na página oficial do mercado no Instagram, internautas usam postagens que não são sobre o assunto para cobrar um posicionamento da rede.

"Queremos saber a posição da empresa sobre a agressão a um jovem de 19 anos, sábado na loja do Tabuleiro. Já não basta?! Vão dizer também que não é racismo? Até quando?", escreveu um usuário da rede social na parte de comentários de uma postagem sobre a "Black Friday".

No Twitter, internautas expressam indignação com o ocorrido através da hashtag #gbarbosaracista .