Encontrado o corpo da segunda criança indígena vítima do garimpo em Roraima

Dois meninos Yanomami foram 'sugados' por balsa do garimpo ilegal em terra indígena justamente no Dia das Crianças

Garimpo ilegal em terra indígena em Roraima (Foto: Greenpeace)
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O Corpo de Bombeiros de Roraima informou, na noite desta quinta-feira (15), que localizou o corpo da segunda criança indígena morta após ser "sugada" por balsa do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, na comunidade Makuxi Yano, cidade de Alto Alegre. Trata-se de um menino yanomami que tinha 7 anos.

O corpo da criança foi encontrado por bombeiros-mergulhadores no Rio Parima, o mesmo em que foi localizado o corpo da primeira criança indígena, de 5 anos, na quarta-feira (13). Os dois meninos eram primos.

Segundo o relato dos indígenas recebido pela associação, as crianças estavam brincando no rio, na terça-feira (12), próximas a uma balsa do garimpo ilegal “quando foram sugadas e cuspidas para o meio do rio e levadas pela correnteza”.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi acionada pela associação Yanomami e, em nota, informou que "por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye'Kwana, acompanha o caso junto aos órgãos de saúde e segurança pública competentes e está à disposição para colaborar como trabalho das autoridades".

“A morte de duas crianças Yanomami é mais um triste resultado da presença ilegal do garimpo na Terra Indígena Yanomami, que segue invadida por mais de 20 mil garimpeiros. Até setembro de 2021, a área de floresta destruída pelo garimpo ilegal superou a marca de 3 mil hectares – um aumento de 44% em relação a dezembro de 2020”, diz nota assinada Dário Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami.

Pelas redes sociais, lideranças indígenas demonstraram indignação com o caso. A deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR), por exemplo, escreveu em suas redes sociais: "Inaceitável e grave. Crianças Yanomami mortas por serem sugadas por máquinas de garimpo ilegal. Não podemos banalizar o sucessivo aumento da violência contra os povos indígenas. O Estado brasileiro tem o dever de proteger a vida, integridade física, e a garantir justiça".

A ativista e comunicadora indígena Alice Pataxó, por sua vez, afirmou que o episódio não configura acidente. "A morte das crianças Yanomami não foram um acaso, isso está acontecendo a muito tempo e não só naquele território, o genocídio indígena é real", declarou.