INTOLERÂNCIA

VÍDEO: Pastor ameaça religiões afro e diz que muito centro de umbanda será fechado

Felippe Valadão, da Igreja Lagoinha, atacou pais de santo em evento comemorativo de 189 anos do município de Itaboraí, Região Metropolitana do Rio

Pastor Felippe Valadão: "A igreja está na rua".Créditos: Divulgação/Comunidade da Fé Church
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Durante evento oficial em comemoração aos 189 anos do município de Itaboraí, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, nesta quinta (19), o pastor Felippe Valadão, da Igreja Lagoinha, atacou religiões de matriz africana.

Prepara para ver muito centro de umbanda sendo fechado na cidade”, disse ele, aos gritos. “De ontem para hoje tinham quatro despachos aqui na frente do palco. Avisa aí para esses endemoniados de Itaboraí: o tempo da bagunça espiritual acabou, meu filho. A igreja está na rua. A igreja está de pé”, continuou. 

Deus vai começar a salvar esses pais de santo que tem na cidade. Você vai ver coisa que você nunca viu na vida. Chegou o tempo, Itaboraí. Aquele espírito maligno de roubalheira na política acabou”, acrescentou.

A Comissão de Povos Tradicionais de Terreiros de Itaboraí divulgou uma nota de protesto. “O pastor agride de maneira vil, desrespeitosa e ameaçadora à comunidade religiosa do candomblé e da umbanda nesta cidade”.

A entidade questionou, ainda, “o motivo de uma manifestação festiva, popular e laica ter em sua programação discursos de cunho religioso. O Deus que conhecemos não compactua com sua megalomania, loucura e arrogância”, ressalta.

Relator da CPI da Intolerância Religiosa na Alerj vai acionar o MP

O deputado estadual Átila Nunes (PSD), relator da CPI da Intolerância Religiosa, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), vai acionar o Ministério Público (MP) para que investigue o uso de dinheiro público pela prefeitura para a realização do evento.

O ódio religioso promovido e financiado por Itaboraí precisa ser investigado. Preparamos uma representação ao Ministério Público contra o autointitulado pastor e contra o prefeito de Itabboraí, que patrocinou o show de horrores com dinheiro público. Também vamos pedir que a Decradi entre no caso para que ameaças contra a liberdade de toda a diversidade não sejam banalizadas. Não vamos permitir que a violência volte a silenciar os cultos afro-brasileiros no Rio”, ressaltou, em entrevista ao G1.