POVOS INDÍGENAS

Massacre da PM contra indígenas Guarani Kaiowá deixa ao menos dois mortos

Operação ilegal aconteceu na sexta-feira a mando de fazendeiros

Operação que atacou indígenas contou com apoio de helicópteros.Créditos: Montagem (Divulgação/Aty Guasu)
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A Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani (Aty Asu), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) denunciaram neste sábado (25) que o massacre promovido por policiais militares a mando de fazendeiros no território indígena de Guapoy, no município de Amambai (MS), deixou ao menos dois Guarani Kaiowá mortos. Esse número pode ser ainda maior.

Em nota, a Aty Guasu apontou que na operação ilegal realizada pela Polícia Militar do Mato Grosso do Sul (PM-MS) na sexta-feira (24) "foram atacadas crianças, jovens, idosos, famílias que decidiram, depois de muito esperar sem alcançar seu direito, retomar um território que sempre foi deles e que foi roubado no passado de nosso povo”.

 A associação fala em “dois mortos, podendo ser maior o número (a comunidade fala em pelo menos 04) e ao menos 10 feridos”.

Após indígenas dos povos Guarani Kaiowá retomarem parte do território de Guapoy, fazendeiros acionaram a PM, que promoveu um ataque como uma tentativa ilegal de reintegração de posse. Além da ausência de uma medida judicial que permitisse uma reintegração, não caberia à PM tal procedimento e sim à Polícia Federal (PF).

A PM chegou a mandar um helicóptero para o local.

Os indígenas exigem a “imediata prisão e responsabilização do Governador do estado do MS, do comando da BOP/PM, e do secretário de segurança do Estado do MS”. Além disso, cobram a investigação de servidores da Funai em Amambai e Ponta Porã (MS), “por coparticipação e facilitação do massacre”.

"Nós levaremos a todas as esferas esse Massacre e não desistiremos até que os responsáveis sejam punidos e responsabilizados", afirmam.

Segundo a Apib, os feridos no massacre estariam sendo levados diretamente do hospital para a prisão.

O advogado Eloy Terena, coordenador jurídico da Apib, também denunciou as ilegalidades do episódio nas redes. "No Mato Grosso do Sul o 'Estado de Direito' fracassou. A polícia militar, em regime de milícia privada dos fazendeiros, promove despejos sem ordem judicial. Já virou rotina. Um estado onde o Agrobanditismo impera a custo do sangue indígena", escreveu no Twitter.

"A polícia do estado do governador Reinaldo Azevedo (PSDB) e da senadora Simone Tebet (MDB) está neste momento atacando os Guarani Kaiowá! Sob o argumento de cumprir a lei, estão atuando sem ordem judicial, afrontando decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)", disse ainda.