POVOS INDÍGENAS

Enterro de indígena Kaiowá assassinado pela PM reúne multidão no MS

Segundo o Cimi, 2 mil pessoas compareceram à marcha que levou o corpo de Vitor Guarani Kaiowá para ser enterrado no local do conflito

Enterro de Vitor Guarani Kaiowa, em Guapoy, Amambai (MS).Créditos: Povos Guarani Kaiowa
Escrito en DIREITOS el

Nesta segunda-feira (27), os Guaraní Kaiowá do território indígena de Guapoy, no município de Amambai (MS), realizaram o enterro de Vitor Guarani Kaiowá, morto pela Polícia Militar do Mato Grosso do Sul (PMMS) durante o massacre ocorrido na última sexta-feira (24). Ele foi enterrado na mesma região em que ocorreu o conflito como forma de seguir uma tradição do povo.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a marcha que levou o corpo de Vitor até o local reuniu 2 mil pessoasVitor foi brutalmente assassinado por policiais militares a mando de fazendeiros após indígenas retomarem parte do território de Guapoy que estava ocupado indevidamente por uma propriedade rural.

Em razão do risco de um novo confronto com a PM, a marcha ocorreu após a Defensoria Pública da União (DPU) e o Ministério Público Federal (MPF) realizarem um acordo com o fazendeiro que ocupa a área da retomada dos Guarani Kaiowá. O corpo foi enterrado a 15 metros da cerca.

“Desde que o corpo foi liberado, fizeram um velório e mantiveram o corpo, demandando o direito de enterrar sobre o território. E isso é uma questão importante para os povos Guarani Kaiowá. Eles fazem essa ligação: de onde tomba o guerreiro com a questão espiritual de estar plantado sobre a terra tradicional”, afirmou um dos representantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) – que, por segurança, terá sua identidade preservada.

Relembre o caso

Após indígenas dos povos Guarani Kaiowá retomarem parte do território de Guapoy, fazendeiros acionaram a PM, que promoveu um ataque como uma tentativa ilegal de reintegração de posse. Além da ausência de uma medida judicial que permitisse uma reintegração, não caberia à PM tal procedimento e sim à Polícia Federal (PF).

A PM chegou a mandar um helicóptero para o local.

Em nota divulgada no sábado (25), a Aty Guasu apontou que na operação ilegal da PM "foram atacadas crianças, jovens, idosos, famílias que decidiram, depois de muito esperar sem alcançar seu direito, retomar um território que sempre foi deles e que foi roubado no passado de nosso povo”. Além da morte de Vitor, há 9 feridos.

Confira como foi o enterro: