RACISMO

Em acordo, defensora que chamou entregador de "macaco" pede desculpas: "Situação isolada"

Além da retratação pública, Claudia Alvarim Barrozo foi obrigada, pelos termos do acordo firmado, a pagar R$ 15 mil aos dois entregadores alvo de ofensas racistas em Niterói

Defensora aposentada que xingou entregador de "macaco" faz acordo e pede desculpas.Créditos: Reprodução
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A defensora pública aposentada Claudia Alvarim Barrozo, que em abril ofendeu entregadores negros com termos racistas em Niterói (RJ), firmou um acordo com a Justiça e, nesta sexta-feira (1), divulgou uma nota pública de retratação. Além do pedido de desculpas, Claudia foi obrigada a pagar R$ 15 mil aos entregadores que foram alvo dos xingamentos. 

Na nota, a defensora afirma que estava estressada e aflita e que o caso se tratou de uma "situação isolada" em sua vida. "Venho pedir desculpas pelas minhas ações neste caso, e reafirmar que o ocorrido foi uma situação de exceção em um momento de estresse e aflição de minha parte, pois, apesar de não justificar minha atitude, precisava sair a minha garagem que se encontrava trancada", escreveu. 

Com o cumprimento acordo, o processo penal contra Claudia será extinto e ela não responderá criminalmente pelo ocorrido. Os advogados de Jonathas Souza Mendonça e Eduardo Peçanha Marques, os entregadores ofendidos, no entanto, já informaram que entrarão com um processo por danos morais

Relembre o caso 

A defensora pública aposentada Claudia Alvarim Barrozo foi flagrada em vídeo no dia 30 de abril, em Niterói (RJ), chamando um entregador de "macaco”. Ela teria se irritado com uma van estacionada em frente à casa dela e começou a agredir verbalmente Eduardo Peçanha. A vítima registrou boletim de ocorrência.

"Um sentimento de humilhação, um misto de raiva, de a gente ser inofensivo diante dessas coisas que acontecem bastante no nosso dia a dia", disse Peçanha.

De acordo com o advogado das vítimas, Joab Gama de Souza, a discussão ocorreu após a mulher ter pedido que os dois entregadores retirassem a van da frente de sua porta. O motorista estava fora e o seu colega informou que não poderia retirar, pois não tinha habilitação.

Daniel Vargas, advogado da Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Cor, Etnia, Religião e Procedência Nacional da Alerj, que acompanha o caso, afirmou que a mulher tentou quebrar o vidro e o espelho retrovisor do carro e, por isso, um deles começou a filmar.

Foi então que ela saiu do carro e chamou um dos entregadores, ambos negros, de "palhaço, otário, babaca, macaco", de acordo com o registro. No vídeo, dá para ouvir claramente a palavra "macaco".

"A senhora saiu da casa e já pediu que o entregador tirasse o carro imediatamente dali. O ajudante respondeu que ela precisaria esperar o motorista chegar, porque ele não tinha carteira de motorista. Na mesma hora, ela perdeu o controle e começou a ofender os dois. Em seguida, ela começou a jogar objetos na direção da van. Antes de entrar no carro, ela xingou o motorista de macaco e foi embora", contou o advogado das vítimas Joab Gama de Souza.

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