Doutorando da UFRGS é indiciado por racismo qualificado: “negro exala um cheiro típico"

“Ele foi homofóbico, transfóbico, antissemita e misógino. Ele tem publicações de toda natureza e realmente acredita na superioridade de uma raça sobre outras”, afirmou a delegada que cuida do caso

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O doutorando Álvaro Körbes Hauschild, de 29 anos, estudante de filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi indiciado por crime de racismo qualificado nesta sexta-feira (15).

Hauschild era investigado pela Polícia Civil desde a divulgação de mensagens e textos escritos com conteúdo ofensivo aos negros, judeus e mulheres.

“Ele foi indiciado pelo crime de racismo qualificado, que é mais grave que a injúria racial. Ele discriminou todo um grupo de pessoas, vários, na verdade. Ele foi homofóbico, transfóbico, antissemita e misógino. Ele tem publicações de toda natureza e realmente acredita na superioridade de uma raça sobre outras”, afirmou a delegada Andréa Mattos.

O inquérito foi encaminhado ao Poder Judiciário. Agora, cabe ao Ministério Público do Rio Grande do Sul verificar se oferece denúncia a Hauschild.

A investigação teve início após denúncia do estudante de Políticas Públicas da UFRGS, Jota Júnior, de 23 anos. Ele registrou ocorrência depois que sua namorada foi abordada pelo doutorando nas redes sociais.

Hauschild afirmou na conversa que o negro "exala um cheiro típico", "tem um cérebro programado para fazer o máximo de filhos que puder" e que "pode não ser um problema lá onde a natureza dá cabo deles". 

“Ainda que seja um processo moroso, sempre tivemos muita confiança que a justiça seria feita. Recebemos mensagens nos últimos dias de pessoas de todo o país que não somente desejaram força e confiança, mas depositaram no encaminhamento deste processo uma forma de realmente mudar a concepção e o tratamento que o racismo é dado no país. Não somente pelos racistas, mas também pelas instituições”, disse Júnior ao Globo.

Hauschild também enviou mensagens antissemitas para a namorada de um judeu, que deu falou ao GLOBO sem revelar sua identidade.

“Sobre o Holocausto: é uma questão científica. Ou tu tem evidências ou tu não tem (sic). Simplesmente não há a menor evidência até hoje; pelo contrário, há estudos mostrando que matematicamente já é um absurdo. Mas se alguém vier e me mostrar o que aconteceu e como aconteceu, eu passo a acreditar”, escreveu.

Hauschild é escritor e faz sucesso entre conservadores. A editora Kotter, que publicou um livro do indiciado, tirou do seu catálogo a obra Anamnesine, uma seleção de contos.

O doutorando promove ideias associadas a radicalismos de direita. Ele é tradutor do filósofo ultranacionalista russo Aleksandr Dugin. Dugin e o ideólogo brasileiro Olavo de Carvalho escreveram juntos o livro-debate “Os EUA e a nova ordem mundial”.

Com informações do Globo