Em plena pandemia, moradores de rua procuram centro da prefeitura de SP e são atacados por percevejos

Pessoas em situação de rua que dormiram em um Centro de Acolhimento na Mooca, em São Paulo, amanheceram com a pele tomada por picadas de insetos que infestaram o local que deveria servir de proteção; "Desumano", classificou o padre Júlio Lancelotti

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Além de estarem expostos ao risco de contágio do coronavírus e a todos os perigos que as ruas oferecem, pessoas em situação de vulnerabilidade que procuram Centros Temporários de Acolhida (CTA) da prefeitura de São Paulo têm que lidar com péssimas condições sanitárias - justamente em um lugar que, em tese, deveria servir para proteger.

Na manhã desta quinta-feira (16), o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo da Rua, denunciou em suas redes sociais uma infestação de percevejos no Centro de Acolhida Mooca 1, na Zona Leste da capital paulista.

O religioso postou fotos de como ficou a pele de pessoas que passaram a noite no centro. "Assim está o irmão de rua acolhido no CTA da Água Rasa para não dormir na calçada. CTA infestado de muquiranas e percevejos", escreveu o padre, informando ainda que a Unidade Básica de Saúde (UBS) da região não tem os medicamentos necessários para tratar a irritação na pele.

A picada de percevejo coça, pode provocar reação local com inchaço da região atingida, calor local e vermelhidão. Em alguns casos, as pessoas picadas podem ter uma reação mais severa e, nessas situações, é indicado o uso de antialérgicos.

"Desumano", disse o padre Júlio Lancelotti sobre a situação que observou.

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As condições precárias de higiene nos Centros Temporários de Acolhida da prefeitura de São Paulo, comandada pelo tucano Bruno Covas, já havia sido denunciada em relatório produzido pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal em dezembro de 2019.

No relatório, os deputados que vistoriaram os centros apontaram, além das infestações de percevejos, superlotação e falta equipes para dar conta da demanda da manutenção dos locais.

Procurada pela Fórum, a secretaria municipal de Assistência e Desenvolvimento Social não se pronunciou sobre as denúncias de infestação de percevejos no centro de acolhida, se limitando a informar as medidas que vêm sendo tomadas para evitar o contágio do coronavírus e detalhando a rotina de limpeza dos locais.

"Os Centros de Acolhida receberam orientações de serem higienizados constantemente e mantidas as janelas abertas, além de posicionar as camas em distância segura nos quartos. A limpeza do local é realizada por 24 profissionais, em período diurno e noturno, orientados de acordo com o Procedimento Operacional Padrão (POP), fazendo a desinfecção do local com produtos adequados e permitidos pela ANVISA", diz a nota.

Confira a íntegra.

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), informa que os Centros de Acolhida receberam orientações de serem higienizados constantemente e mantidas as janelas abertas, além de posicionar as camas em distância segura nos quartos. A limpeza do local é realizada por 24 profissionais, em período diurno e noturno, orientados de acordo com o Procedimento Operacional Padrão (POP), fazendo a desinfecção do local com produtos adequados e permitidos pela ANVISA.

Os cuidados com a higiene, como lavar bem as mãos com água e sabão, cobrir a boca e o nariz ao tossir e espirrar, evitar tocar os olhos, e orientações de não compartilharem objetos de uso pessoal, foram intensificados. Ainda, foram adquiridos galões de álcool em gel, à disposição em dispensers para os atendidos e colaboradores e distribuição de máscaras de proteção.

O Centro Temporário de Acolhimento (CTA) Mooca I dispõe de 440 vagas e é administrado pela Associação Cultural Nossa Senhora das Graças. O local passa periodicamente por dedetização e sanitização para que o ambiente esteja adequado para acolhimento, sendo inspecionado pela Vigilância Sanitária que avalia as condições de todos os ambientes do CTA.

Atualmente, a cidade de São Paulo dispõe de 113 serviços destinados à população em situação de rua, sendo 101 para acolhimento.

A SMADS está sempre à disposição para receber sugestões e reclamações sobre a Rede de Assistência Social pelos canais adequados, que são importantes meios de aperfeiçoar o trabalho desempenhado. As contribuições de munícipes podem ser feitas pela Central SP156 - telefone, aplicativo e site: https://sp156.prefeitura.sp.gov.br/portal/servicos ou ainda pela ouvidoria da Prefeitura de São Paulo.